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Transformação

Transformação
Entrevista com poetas

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

FELIZS, Feira Literária da Zona Sul

A FELIZS, Feira Literária da Zona Sul, nasce de um desejo de reflexão sobre o movimento cultural ao longo dos últimos anos. É preciso aguçar o olhar e a percepção sobre todos esses processos. Isto é, sem dúvida, algo que nos instiga. Temos hoje um panorama pulsante de múltiplas linguagens que vem sendo, em parte, impulsionado pelos saraus nas periferias. Há uma multiplicação de iniciativas e estas reverberam cada dia mais nos mais variados espaços comunitários e culturais.

A Feira é uma tentativa de unir potenciais num único espaço e observar a grandiosidade de propostas que a periferia vem desenvolvendo. Queremos nos ver e fortalecer num processo de sinergia, potencializando as ações individuais conectadas ao processo coletivo. O fazer cotidiano é essencial, mas é saudável um respiro para reflexão: pensar sobre os caminhos, identificar nossa grandeza e nossas dificuldades. Há uma produção intensa que precisa ser divulgada, valorizada, e reconhecida: são estas as premissas iniciais para a criação deste evento.

Clique aqui para ver a programação completa da felizs


A feira foi idealizada pelo Sarau do Binho e, como diz o poeta : “Uma andorinha só não faz verão, mas pode acordar o bando todo.”

É tempo de acordar outras andorinhas, formar bandos e construir um universo cultural que permita cada vez mais o acesso e a difusão dos bens culturais!

Saiu a Programação da FELIZS, Feira Literária da Zona Sul

A FELIZS, Feira Literária da Zona Sul, nasce de um desejo de reflexão sobre o movimento cultural ao longo dos últimos anos. É preciso aguçar o olhar e a percepção sobre todos esses processos. Isto é, sem dúvida, algo que nos instiga. Temos hoje um panorama pulsante de múltiplas linguagens que vem sendo, em parte, impulsionado pelos saraus nas periferias. Há uma multiplicação de iniciativas e estas reverberam cada dia mais nos mais variados espaços comunitários e culturais.

A Feira é uma tentativa de unir potenciais num único espaço e observar a grandiosidade de propostas que a periferia vem desenvolvendo. Queremos nos ver e fortalecer num processo de sinergia, potencializando as ações individuais conectadas ao processo coletivo. O fazer cotidiano é essencial, mas é saudável um respiro para reflexão: pensar sobre os caminhos, identificar nossa grandeza e nossas dificuldades. Há uma produção intensa que precisa ser divulgada, valorizada, e reconhecida: são estas as premissas iniciais para a criação deste evento.

Clique aqui para ver a programação completa da felizs


A feira foi idealizada pelo Sarau do Binho e, como diz o poeta : “Uma andorinha só não faz verão, mas pode acordar o bando todo.”

É tempo de acordar outras andorinhas, formar bandos e construir um universo cultural que permita cada vez mais o acesso e a difusão dos bens culturais!

terça-feira, 4 de setembro de 2018

A Literatura está fora da escola

As primeiras leituras de uma criança não são feitas no âmbito escolar, isto é, sob o crivo da academia ou sob  sua tutela, mas a chancela da escola, quando esse pequeno Ser inicia a educação formal, mitiga o desejo do jovem, sobretudo periférico, de desenvolver-se como leitor das relações humanas, visto que a literatura lhe é apresentada como mero instrumento de prova, imediatista e nada crítico, tornando-se uma atividade enfadonha, penosa e punitiva, pois a única finalidade que os professores lhe confere é como resolução de testes objetivos, cujas respostas estão prontas e não dialogam com a realidade do indivíduo Pós-moderno: que está imerso na fragmentação estilística dos novos tempos e perdido pela torrente de informações que lhe chegam pelos ágeis dispositivos celulares, os quais aceleram a sensação de que a vida é efêmera. Por isso, mais do que nunca – ainda que não perceba –, vive pelos prazeres imediatos.

Embora seja estranho afirmar que a literatura esteja fora da escola, visto que esta parece que sempre teve os direitos legais sobre os cânones da escrita, seja nacional seja estrangeira (se bem que esta última se tornou mais abrangente – contemplando, também, a angolana e a moçambicana – nos últimos cinco ou seis anos), não há erro nesta declaração, haja vista o aluno que não se interessa pelo estudo formal dos textos literários, é o mesmo jovem que lê nas músicas que ouve, nas redes sociais pelas quais se relaciona com seus iguais e nos Best sellers que devora, histórias em que haja identificação com seu íntimo, isto é, interessam-lhe mais do que um Machado ou uma Clarice. Além disso, as aulas de “leitura” são relegadas apenas a uma única disciplina, Língua portuguesa. Isso é mais do que errado, já que qualquer escritor(a), desde os tempos mais remotos da escrita, escreveu para relacionar-se com o mundo, ora confrontando-o ora compartilhando dos seus mistérios, a leitura é muito mais do que livros, o professor sabe disso, porém o seu aluno ainda não percebeu; e não percebeu porque nega a Literatura da escola, porque ela representa uma instituição na qual ele, o aluno, não se reconhece, não se identifica nem se sente representado.

A propósito, vale mencionar um trecho do poema “Cabernet Sauvignon”, de Jenyffer Nascimento para ressaltar o quanto a literatura está fora dos muros da escola:


Um dia você vai me convidar pra jantar
Na sua casa nova,
À mesa eu, você e sua esposa.
Abriremos um Merlot argentino
Brindaremos aos novos tempos,
À família, à felicidade!

Será uma conversa animada,
De sorrisos sinceros.
E quando não estivermos mais sóbrios
Virão à tona as lembranças
De um passado vulcânico,
Entre militância, sexo e liberdade.

[...]

Talvez sua esposa não goste do enredo da conversa
Dos signos expostos nas entrelinhas
[...]

Então mudaremos de assunto
Discutindo um tema pelego qualquer,
[...]

Eu serei sensata,
Direi que está tarde, que preciso ir.
O casal gentilmente me conduzirá até a porta
Dizendo pra voltar outras vezes,
Numa despedida fria, tipicamente paulistana.

Entre tudo que eu poderia dizer
E não disse...
Prefiro Cabernet Sauvignon chileno.

[...]


Esse poema é resultado das vivências de uma mulher que enxerga e reconhece as periferias de São Paulo e, de quebrada em quebrada, rompe os paradigmas de violência e comoção relegados ao povo preto paulistano; e esses versos, por serem mais próximos da realidade dos alunos, rompem com os limites gráficos podendo, até, fazer verter lágrimas do leitor, com o qual se identifica e espelha (semelhante às leituras feitas pelos jovens novecentistas brasileiros com ânsia de uma vida mais livre e mais subjetiva a fim de aliviar suas angústias como filhos de uma nação que ainda se descobria assim – numa visão burguesa, claro, pois a comparação é estritamente literária). Haja vista os saraus estão repletos de poetas jovens, talentosos e perseverantes no versejar das suas angústias, sonhos, conquistas e, sobretudo, suas rotinas. São esses mesmos jovens que refletem o fracasso da escola, embora nos Slams e demais batalhas de rimas demonstrem consciência e destreza por meio de versos ritmados, líricos, híbridos, por meio dos quais compartilham da visão de mundo que a escola, limitada, não compreende. Esse entrave enfraquece a literatura por pura falta de diálogo entre os envolvidos.

Todavia o primeiro cuidado ao se trabalhar com um texto legitimamente marginal (periférico) como o de Jenyffer Nascimento na escola é o de não esquadrinhá-lo, situando-o na pós-modernidade ou em qualquer outra época literária, pois afasta o aluno da necessária análise das relações sociais com as quais ele poderá se identificar; e que são tratadas de modo tão leve pela autora. Ademais, esse poema suscita questionar: o quão o meio social influencia a obra de arte?

A essa pergunta, Antonio Cândido dá a seguinte resposta:

Digamos que ela deve ser imediatamente completada por outra: qual a influência exercida pela obra de arte sobre o meio?

Dito de outra forma, ao se debruçar sobre textos de autores periféricos  cabe refletir sobre até que ponto a arte é uma forma de expressão da sociedade. Ademais, se a sociedade não se perceber como constituinte do escopo literário em análise, visto que as aulas de literatura unicamente descrevem (de modo unilateral) os elementos formais constituintes do texto para classificá-lo, a literatura só ficará mais afastada dos bancos escolares.

Por outro lado, os professores, no ensino médio – por exemplo –, julgam que seus alunos já sejam iniciados na leitura literária, e deveriam, desconsiderando o fato de que esses jovens não leem mais de meia página de um texto o qual, geralmente, é um fragmento usado para contextualizar exercícios de interpretação textual ou análise sintática. Até mesmo o estudo da poesia fica comprometido nesse cenário, pois a falta de prática na leitura torna o aluno incapaz de assimilar metáforas simples (as complexas são totalmente ignoradas). Esse pode ser o pensamento de um professor médio do ensino público brasileiro acreditando que o aluno deva se interessar pela leitura dos clássicos simplesmente porque estes são exigidos pelos concursos nacionais, sobretudo nos vestibulares das universidades mais concorridas do país.

Nos versos do poema “Juventude negra”, Akins Kintê passa a visão de como comungar a poesia é importante para o fortalecimento do ser e de tudo o que está a sua volta, e o que está à volta não está dentro da escola, não se apreende sentado num espaço que não lhe cabe. No entanto, esse poeta não chama o jovem a pegar em armas, tão pouco a militar, mas a libertar-se dos grilhões maquiados nas políticas que não lhe representam:

[...]
Juventude negra de atitude
estudando, é ficar ligeiro com a rota
que nos quer faz uma cota
depois é ir pra briga, lutar pela liberdade
o que fizemos por Serra da Barriga
o dobro façamos por nossa comunidade

Se não rola, relaxa marcha e siga
façamos de nosso coração
um quilombo uma nação
uma Serra da Barriga

Vale destacar que Kintê sugere a luta e aconselha o jovem para se libertar, mas sem que este tenha a obrigação de sacrificar-se por alguém a não ser por si próprio, visto que o sentimento de pertencimento é de dentro para fora, nunca o contrário. Isso a escola ainda não percebeu, por isso sofre com os números do Saeb, por exemplo, quando escancaram os parcos resultados dos alunos nos anos finais do ensino regular.

Por fim, Akins Kintê, Jenyffer Nascimento e tantos outros autores periféricos representam a literatura que está fora da escola, não por não ter suas poéticas estudadas e seladas pela Academia, mas por serem exemplos de que o trabalho da escola na formação do leitor literário não tem sido satisfatório, porque a juventude constantemente tem se mostrado resistente às aulas na mesma proporção que tem estado mais inclinada à arte fora delas.

sábado, 1 de setembro de 2018

Verso em Versos Sesc 24 de maio - 2018

Missão cumprida no Sesc 24 de Maio
Gratidão e Simplicidade
#VersoEmversos
#AntologiaVersoEmVersos 
#sesc24maio 
#estéticasdasperiferias2018

Transformação com Luana Hansen Figueiredo

+ Como a poesia surgiu na sua vida? 
No meu caso através da música me apaixonei rápido pelas métricas e a facilidade de relatar fatos com a rima

+ Como você era antes da poesia?
Era sempre exata sempre racional a poesia me trouxa a capacidade de sonhar

+ Quem você é depois dela?
Sou uma artista independente que canta o que ama e acredita



POESIA

Ventre Livre de Fato

Nasceu, mais um fruto do acaso
E o mané que não quer nada o sobrenome é descaso
Uma gravidez indesejada mesmo com prevenção
Não importa sua crença ou religião

E imagina de uma forma perigosa e clandestina
Como é que vai fazer para mudar a sua sina
Um direito que em vários "país" já é estabelecido
No brasil quase sempre passa despercebido

Hipocrisia, pra desconhecido é punição
Mas se for da família é só tratar com discrição
Morre negra, morre jovem, morre gente da favela
Morre o povo que é carente e que não passa na novela

28 De setembro não é só mais um
É dia de luta não é um dia comum
Direito imediato,revolução de fato
Protesto na batida,ventre livre de fato

"Lutar pela legalização do aborto, é lutar pela saúde da mulher"

1 Milhão de abortos no brasil, por ano
Vai dizer que não sabia, vai dizer que é engano
A cada 7 mulheres, 1 já fez aborto
Isso é estatística não é papo de louco

Inseguro, feito de uma forma clandestina
Acorda brasil o nome disso é chacina

Hipocrisia, pra desconhecido é punição
Mas se for da família é só tratar com discrição
Morre negra, morre jovem, morre gente da favela
Morre o povo que é carente e que não passa na novela

28 De setembro não é só mais um
É dia de luta não é um dia comum
Direito imediato,revolução de fato
Protesto na batida,ventre livre de fato

Direito imediato,revolução de fato
Protesto na batida,ventre livre de fato

"Lutar pela legalização do aborto, é lutar pela saúde da mulher"

"Direito ao próprio corpo, legalizar o aborto"

sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Transformação com Augusto Cerqueira

+ Como a poesia surgiu na sua vida?
A poesia surgiu em minha vida através da minha irmã alania, que me introduziu nos caminhos da literatura.
desde sete anos fazia quadrinhas e cordéis, mas os escritos ficavam restritos à familiares e amigos. foi em 2000 que, também levado pela minha irmã alania, conheci o sarau da cooperifa e aí pude aperfeiçoar e levar meus escritos para um público maior.

+ Como você era antes da poesia?
Antes de conhecer o sarau da cooperifa, eu era um rapaz sem muitos questionamentos sobre minha posição no 'status quo'. acordava cedo, ia ao trabalho, estudava a noite e ficava contente quando recebia o parco salário que durava, em média, 3 dias e seguia o mesmo ciclo até o fim do mês, esperando ser remunerado pelos perrengues diários.

+ Quem você é depois dela?
Hoje trabalho com poesia.  ganho menos dinheiro do que ganharia trabalhando em uma empresa, mas tenho a consciência que ganho mais qualidade de vida, apresentando a poesia para jovens da minha região e convivendo com pessoas que buscam a transformação dos comportamentos sociais, afim de termos uma geração mais igualitária e consciente das verdadeiras razões que fazem o periférico seguir no caminho da servidão e da ignorância de seus direitos

Transformação com Bruna Magno

+ Como a poesia surgiu na sua vida?
Acho que a poesia sempre esteve presente, mas de um jeito mais concreto surgiu através do Sarau da Ademar, principalmente pela influência e admiração pela Sil (Silvana Martins).

+ Como você era antes da poesia?
Eu acho que tinha muitos medos e incertezas e uma preocupação em não chamar atenção.

+ Quem você é depois dela?
 Ainda tenho muitos medos e incertezas, mas hoje os transcrevo em poesia. Cada vez mais tenho me preocupado em me abraçar completamente com todos meus jeitos, em me aceitar. Tenho sido uma pessoa muito feliz, no geral, junto de diversas pessoas maravilhosas que tive o prazer de conhecer através da poesia.

POESIA

Me afogar

Me afogar em você mesmo sabendo nadar
Espia que a minha chuva transborda bem mais do que o mar
Tranquila pra me perder nos seus braços lençóis
Vontade de molhar com a palavra nós
Esquecer da bebida vazia
Da conta do bar
E ter só a sua boca pra me salgar
É a sua ressaca que bate em mim
Todo esse gozo de perigo que não tem fim
Sopra o medo dos meus desejos do seu corpo água
Que me leva ao extremo
Brincando de me conhecer por dentro
Maldizendo do meu jeito de ter água nos olhos toda vez que vai embora
É a hora, é o tempo
E eu só te peço: me afoga

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Crônica de quinta: Acabou a luz

Acabou a luz! Esta é a constatação geral quando o breu toma conta do horário nobre da vida paulistana e enquanto meus filhos contemplam a TV inoperante 


Eu aparo as vacilantes águas que inconvenientemente invadem a casa pelas frestas abertas no laranja dos blocos pobremente assentados e negligentemente sem reboco.

Acabados os baldes, utensílios da cozinha, como um vasilhame que outrora comportou o sorvete napolitano tão apreciado pela família, aparavam a água. Vez ou outra eu, em grande torcida, manuseava os interruptores na esperança de prontamente a luz voltar, debalde.

Frustrado eu mandava as crianças desconectarem a televisão da tomada. "Mas como saberemos que a luz voltou?" Indignadas retrucavam.

Realmente, a luz naquele momento era mais importante do que a água que invadia os cômodos. Curiosamente o único que não tem goteiras seria o que talvez ninguém se importasse se tivesse, o banheiro. Mas nós estávamos acostumados, pois não era o primeiro verão que passávamos assim. Diferente dos recém-chegados moradores do barraco ao lado que se desesperavam ao levantar os móveis para protegê-los das implacáveis águas.

"A luz voltou! Graças a Deus!" em uníssono os moradores do assentamento do Arariba vibraram.

E volta rádio, e volta a rede social, e volta a televisão para todos saberem dos acontecimentos e abafarem o tilintar das goteiras.

terça-feira, 28 de agosto de 2018

A “Quebrada” é um espaço para o exercício da tolerância religiosa

Embora seja negado pelas camadas mais conservadoras da sociedade, a periferia é o espaço mais plural e tolerante das cidades. A razão para isso não é o convívio amigável entre os “direrentes”, mas o compartilhamento forçado dos espaços públicos por àqueles que, sem opção, ocupam os loteamentos precários nos extremos das metrópoles brasileiras.


Em São Paulo, por exemplo, desde meados dos anos 1970 os operários do país têm se aglomerado nas construções rudimentares sem reboco nem asfalto; sem saneamento básico ou eletricidade, afim de alimentar seus sonhos e filhos. No entanto, esse Brasil permaneceu por muito tempo à margem das pautas públicas de fomento à cultura, educação e lazer, isto é, políticas favoráveis ao pleno desenvolvimento do indivíduo e do cidadão, ainda que na “quebrada”. Por isso que a Periferia teve de encontrar formas de autopromover-se para sair do paradigma de abandono e exclusão no qual estava inserida desde a sua fundação. Então as igrejas evangélicas e os terreiros se tornaram verdadeiros espaços de discussão política e social, além de organização cidadã, já que ninguém mais se propôs a dialogar sobre esses assuntos tão fundamentais para a inserção do pobre na gestão da cidade.
Além dos espaços para cultos religiosos, os bares também possuem grande destaque na formação da periferia, porém merecem um artigo apenas sobre eles devido ao tamanho do seu alcance e importância no sustento e crescimento dos bairros periféricos da capital paulista.
O impacto positivo gerado na favela pela vontade de acomodar a todos favorece a integração entre pessoas cujas crenças são diversas. Assim,  seja tirando terra para aplainar o terreno seja batendo a laje que protegerá os sonhos da casa conquistada a duras penas, os indivíduos se organizam solidariamente, da porta para fora e da porta para dentro. A recompensa é o sorriso, o churrasco na laje, o amigo, a família que passa a ter um CEP (tão importante para viver com dignidade em São Paulo). A Periferia tem dessas coisas...

Por outro lado, recentemente houve certa desconexão da periferia consigo mesma desde a ascensão da tal “nova classe média” sem consciência de classe ou de lugar de fala ataca as minorias sociais às quais não se percebe pertencente, como tem atacado os terreiros dos povos originais e as religiões de matriz africana ( seus cultos, trajes e cabelos, ou seja, sua cultura). Isso talvez seja o efeito do baile que a favela tem levado da política especulatória dos noticiários inflamados que exaure as energias do brasileiro periférico.

No entanto, a produção de articuladores culturais da periferia tem resgatado a coletividade inata do ser humano por meio de ações que promovem uma reconexão com os diferentes agentes que compõem a “quebrada” paulistana num processo de reconstrução da ancestralidade, inclusive, da própria periferia, a qual se consolidou como um espaço de crescimento solidário e positivo no enfrentamento da isenção do poder público e dos malefícios do crime.

Por essa razão que as favelas, hoje, representam um excelente lugar para se discutir e propor reflexão sobre tolerância religiosa, porque no comungar do espaço, das agruras e dos sonhos dos munícipes periféricos é que se encontra um lugar comum, mesmo que ainda haja um forte ressentimento da favela como lugar transitório, logo, pouco cuidado.

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Transformação com Sergio Vaz

+ Como a poesia surgiu na sua vida?
Sempre fui leitor, mas não gostava de poesia porque achava poesia uma linguagem difícil, mas através da música MPB descobri as metáforas e vi que poesia também era uma arma de defesa e ataque, ideológicamente falando. Descobri e agrças ao Hip Hop e ao livro Quarto de despejo de Carolina de Jesus poderia falar da nosa quebrada.

+ Como você era antes da poesia?
Sempre gostei de ler, influenciado pelo meu pai, mas como todo garoto de periferia queria ser jogador de futebol. Sempre fui ligado as artes, mas sempre como consumidor. Sou formado nos bailes de black music nos anos 70 e início dos anos 80. Bailinhos e tal.

+ Quem você é depois dela?
Como pessoa me sinto melhor, mas útil. Sou mais um tentando colocar o polegar na história através da poesia, da cultura. Como poeta sinto que minhas palavras ajudam a entender o mundo, e a mim também. Só isso.





POESIA

Sabotage (O Invasor)

Mauro
Era um negro de asas.
Um pássaro
Com os pés no chão.
Som de ébano
Com pele de couro,
O mouro fez ninho no Canão.
O passado,
Que o futuro queria
Escrito em carvão,
Deixou de ser pó
Pra ser pão,
Ao se viciar em poesia.
O poeta
De plumas negras
E voz de pedra
Cravou seu canto
Preto e branco
Nas vidraças
Do mundo colorido.
Filho banto
Em carne e carcaça
Serviu a taça
Com vidro moído
Aos traidores da raça.
Navegante
De mares insolentes
Sua bússola
Apontava sempre para a periferia.
A rima era o rumo
O remo da sina.
No ar,
Como fumaça de fumo
E vermelha retina,
Era frio
Era quente,
Mas nunca banho-maria.
Um dia
Num voo curto
Depois de uma longa metragem
Um disparo sem rosto
Uma bala sem gosto
Calou o personagem.
Diante disso
E sem nos esperar
Desfez o compromisso
Seguiu de viagem
E foi cantar em outro lugar...
Num bom lugar.

SERGIO VAZ

*do livro "Colecionador de pedras" Global Editora

sábado, 25 de agosto de 2018

Transformação com Jacquinha Nogueira

+ Como a poesia surgiu na sua vida?
A poesia sempre esteve presente na minha vida seja pela curiosidade em folhear ainda na infância os livros de minha mãe, ouvir as histórias de minha avó materna e dos mais velhos, pela viagem e apreciação com as palavras e letras de músicas ou pela forma subjetiva de falar de mim mesma para outros já que sempre me neguei a partilhar minhas angústias.  A poesia sempre esteve ali na minha fala e anunciava-se naturalmente em algumas conversas. Até o dia que por não partilhar minhas dores minha mãe disse escreve e depois rasga, mas eu nunca rasguei.

+ Como você era antes da poesia?
Eu era uma voz sufocada no peito, com muitos versos a fim de caminharem por aí. Eu era uma fuga de mim mesma e dos meus olhares sobre o mundo, pessoas e sentimentos. Eu era o que me negava ser, até que me rendi aos versos superando a dor e a timidez de escrevê-los e me permitindo conhecer o lado encantador, árduo, trabalhoso, mas indescritível , saboroso e libertador que é escrever, torna-se poesia.

+ Quem você é depois dela?
 Há um micropoema meu que traduz exatamente esse sentimento. Do verso ela fez seu grito mais forte e a parte mais bonita de si. A poesia hoje é tudo  em dia na minha vida. É ela que vêm regendo meu mundo, meus dias e caminhos desde 2014. Não há um passo que eu dê sem a magnifica presença de respira-la na minha vida, me descobrir uma mulher inteira, liberta e mais forte sem perder a delicadeza no grito dos versos. Hoje sou a professora-poeta, a organizadora de um sarau na minha cidade e de intervenções em sala de aula com saraus e uma das vozes que vêm ecoando fortemente pelo recôncavo baiano e convocando ao voo várias outras mulheres. Hoje eu sou o melhor de mim graças à poesia.



POESIA

Crespo
Nada de bombril!
Meu cabelo não é esponja de aço
É crespo, moço!!!
É crespo, moça !!!
Não custa falar
Aprenda a nomear, a respeitar
A minha diferença da sua
Os meus cachinhos miudinhos, enroladinhos
da raiz as pontas
Crescendo pro alto, volumoso e hidratado
Enquanto você fica aí o julgando de ressecado,
Apelidando de duro e descendo o esculacho
No jato d’água ela escorre e deixa meus cachinhos mais amostrados
Quando seca ele é pura beleza no estilo armado
Olhando no espelho, moço
Olhando no espelho, moça
Meu black reflete minha identidade
Mulher naturalmente bela
sem a necessidade constante
de uma maquiagem.   
    (Jacquinha Nogueira)

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Sarau Verso em versos

Sarau do Verso em versos
Quando: 3 em 3 meses
Quanto: entrada é gratuita
Onde: Agencia Solano Trindade - Rua Batista Crespo 105 - Vila Pirajussara
Ponto de referência Terminal Campo Limpo

Transformação com Michele Santos

+ Como a poesia surgiu na sua vida?
Com olhar o mundo por um filtro que eu tinha desde muito pequena, mas que depois materializou-se em palavra.

+ Como você era antes da poesia?
Posso dizer depois de assumir que faço poesia...porque elas já existiam antes que o mundo soubesse que eu as cometia: era a mesma, mais nova e sem a alcunha de poeta.

+ Quem você é depois dela?
Agora é que são elas: posso dizer de um “antes e depois da poesia” em falando da cena dos saraus, dos livros independentes, dos slams, de conviver com outros poetas contemporâneos, quando a palavra tornou-se ação e movimento – e é aí que a coisa muda de figura. Estar nesse rolê legitimou minha escrita, que considerava antes meros devaneios, me fez desenvolver um trabalho paralelo do qual me orgulho e para o qual me dedico, e me proveu de coragem para escrever como ofício, essa paixão maior. Sem a qual me desconheço: sou toda palavra.

 


POESIA


ALVENARIA 

A mulher forte 
tem colunas construídas com vigas 
de ovário. tem os dedos em pregos 
o intestino azedo a cara fechada 
a racha aberta 

em se aprofundando em 
ela. vai encontrar os pavimentos 
em ruínas. a coluna em frangalhos
um choro ruindo sobre seus tijolos 
de teta e anca. esses fundamentos 
frágeis por sobre a imagem 

[da mulher forte 

e a mulher chora doída 
sua força cansada 
de parecer.

Michele Santos

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Transformação com Dona Eliane

Como a poesia  surgiu na minha vida?
Sempre gostei de escrever mais com o sofrimento de ter meu filho preso Inocentemente fiquei revoltada e a mente começou a flori sobre acontecimentos triste em minha vida

Como você era antes da poesia. ?
Calada reservada so observava tinha receio de alguns lugares tipo Sarau

Quem você é depois da poesia?
Precisava falar gritar expressar o que sentia e conheci o Sarau Verso em versos um lugar maravilhoso cheio de vida.  Conheci meu outro lado da Felicidade que é poder falar e fazer poesia



POESIA

Tudo molhando
Nossa, quando penso em você
Minha vagina se abre
Sinto tudo molhando
Um tesão chegando
Algo tão gostoso
Que hoje vou te mostrar
Como fazer uma vagina molhar
Os peitos vou pegar
Nos bicos, os dedos deslizar
Começo a imaginar
O corpo movimentar
A mãos na vagina começo
A passar
O dedo a roçar
Começo a penetrar
Ele mexe sem parar
Olha aqui, vem ver
Tô começando a
Gozar

Eliane Souza

Mais poesias de Dona Eliane CLIQUE AQUI

Transformação com Melvin Santhana

Como a poesia surgiu na sua vida?
A poesia surgiu em minha vida no período escolar (ensino médio);

Como você era antes da poesia?
Incentivado pelos meus familiares sempre tive uma boa relação com as diversas formas de narrativa, entretanto, na atividade como compositor, a poesia passou a fazer sentido na minha construção contextual artística;

Quem você é depois dela?
Um ser artístico/político/lúdico.

POESIA

Nascimento 
"A escravidão virou inservidão salarial
Da saudade chão, brotou um banzo'' transcontinental"

Nasce mais 1, nascem 2, nascem 3
nasce em todo lugar, nasce um príncipe, um rei
nasce o escravo da lei
nasce a mãe, nasce a filha de quem não nasceu pra chorar
nasce o pai
nasce o filho de santo gerado num ventre livre
que descansa e desperta quando nasce o sol
nasce o espirito santo pra salvar nossa pele
nasce a chaga da plebe, é mais um no futebol
pra tentar, prosseguir, despontar, se iludir
nem sonhar, desistir nem pensar
Refrão
Nascimento e dor, o grito chama a alma
pra realidade crua desse corpo nu
é muito louco, é mó sufoco
viver um dia após o outro nesse mundo cão
É difícil pra gente que se divide
de viver num país que a gente nunca foi livre
quando o livro da gente não vai pra escola
uma história recente, que a minha alma ainda chora
me ignora, eu sei que me ignora
a memória da gente vai se encontrar outra hora
é no espelho, é na roupa, é no seu neto, senhora
Na feijoada da quarta ao cafezinho na mesa
o caldo de cana gelado com pastel da feira
é na batida pulsante, do rock, do funk
no samba do chico, no tom do João
eu quero que você cante pra mim
dance pra mim
veja o pandeiro imaginário rodando
é assim que a gente se sente é o preto
é o ausente, é a ausência de cor
é o preto na carne, é a dor
Refrão
Nascimento e dor, o grito chama a alma
pra realidade crua desse corpo nu
é muito louco, é mo sufoco
viver um dia após o outro nesse mundo cão

"Ao olhar do tira e a dama que admira, to na mira sempre
como é curioso"
Bastardos inglórios, o cheiro de terra, menores na frente e
atrás um monte de velas
pretas e pretos nas telas, bicas e becos, favelas
que nascem nas pistas e morrem nos fundos das celas

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Transformação com Jairo Periafricania

+ Como a poesia surgiu na sua vida?
A poesia surgiu em minha vida quando a muito tempo atrás o Binho me chamou pra um sarau que ele organizava ali no bar dele ao lado da antiga Uniban. Eu não tinha o hábito da escrita nem da leitura até então.
Fiz uma poesia do Sergio Vaz que aliás tbm não o conhecia. Ganhei uma camiseta de presente de um amigo Ronaldo o nome dele que tinha um poema do Sergio Vaz, recitei e dei os créditos ao autor e pra minha surpresa o Sergio estava lá e a partir daí ouvindo os poetas com seus poemas autorais despertou o interesse em compor tbm... nesse mesmo dia fui convidado pra conhecer o sarau da Cooperifa e não sai mais e escrevo desde então.

+ Como você era antes da poesia?
Antes da poesia eu levava a vida de uma forma totalmente diferente de hoje com certeza.
Taxista de ofício eu sempre ali no meu dia a dia nas idas e vindas, conversando com os amigos sobre política, futebol, trabalho, etc... com todo respeito eu era totalmente alienado, até porque não lia e só enxergava a um palmo de distância, eu não tinha noção de nada... ouvindo os poetas fiquei interessado em personagens que votavam em seus textos e fui pesquisar, conversar... hoje olhando antes da poesia da literatura eu vejo o quanto estava moscando, é tipo como se eu vivesse antes do fogo e depois do fogo... virada drástica.
Hoje qiestiono tudo, antes vinha tudo pronto e eu meio que aceitava...

+ Quem você é depois dela
Depois disso eu estou sempre procurando descobrir, questionando tudo, meus bates papos mudaram, já não abraço certas idéias que vem de todos os lados, de políticos, da imprensa escrita, televisiva, nas redes sociais etc.
Tenho sede por respostas até porque tenho muitas perguntas.
Mano mudou tudo, da água pro vinho é muito louco tudo isso, até acho que por conta dessa mudança minha postura mudou, essas coisas trazem mais responsabilidades, revolta, inquietude, quando você adquire certo discernimento sobre certas situações muda tudo.
Pra finalizar aqui vou reproduzir uma frase, um pensamento que ouvi do Sergio Vaz que aliás disse até de quem é esse pensamento mas não me lembro o nome do autor, é mais ou menos assim:
"NÃO QUERO ACREDITAR SÓ QUERO SABER"

Poesia 

UM POEMA

Insônia loucura um delírio só meu
Insana a caneta desliza... Eu,
TE OFEREÇO UM POEMA...
TE OFEREÇO UM POEMA...

Um poema,
Rasga carne sangra dor brinda vida
cura amor
Tá na multidão que o rap arrasto
Na voz no furor que Racionais canto
Nas paginas dum livro que o poeta eternizo

Nas negras raízes no conto do grio
No canto sagrado que uma tribo entoo
É canta a liberdade pra quem tá confinado
No povo unido caminhando lado a lado

No raro d'javu loucura insensatez
Onde os forte sobrevive os fraco não tem vez
É o ser ou não ser... eis a questão
É respeitar a opção da irmã do irmão

Do jeito que quise bem me que mal me que
No drible na ginga no grito de olé
É pai filho pro espírito é santo
Nos muros becos em todos os cantos

No sorriso no pranto no trago no gole
Na dor no peso da ressaca do porre
Na escrita perdida num velho pergaminho
E agora José? São as pedras no caminho.

Insônia loucura um delírio só meu
Insana a caneta desliza... Eu,
TE OFEREÇO UM POEMA...
TE OFEREÇO UM POEMA

Na imensa solidão daquele na sargeta
Naquele rascunho esquecido na gaveta
Nas entrelinhas no subliminar
Nas metáforas que a vida não cansa de ensinar

No mistério da morte no enigma de marte
Num beijo roubado imitando a arte
Na frase sem crase no verso sem métrica
É Usa abusa da licença poética

Nóis fomo, nois vai, eu vi ela tanto faiz
Sem menos nem mais somos todos iguais
Na prosa a rima na trova o verso
Do nosso jeito simples complexo

Erudito popular entre o bem e o mal
La pra academia é um ser imortal
Aqui a poesia desfila no sarau
Cortejada por amantes etc e tal

Moro na moral é isso memo o papo é reto
Num mundo a parte é o nosso dialeto
A palavra escrita na canção que embala
Hey norma culta, se não entende!
Pisiu! Se cala.

Insônia loucura um delírio só meu
Insana a caneta desliza... Eu,
TE OFEREÇO UM POEMA
TE OFEREÇO UM POEMA

Jairo Periafricania

Transformação com Jô Freitas

+ Como a poesia surgiu na sua vida?
Através do sarau OqueDizemOsUmbigos em 2009 e me apaixonei em escrever e acreditar no que escrevia através de Daniel Marques, que foi e  é meu mestre da poesia.

+ Como você era antes da poesia?
Eu era apenas atriz, mas sentia que faltava algo no qual a poesia me completou
Era uma menina insegura e com medo de expor o que sentia

+ Quem você é depois dela?
Sou atriz, sou poeta, sou cenopoeta, desenvolvi um ciclo de oficina de poesia e cenopoesia, que é quase exclusivo, isso graças à 15 anos de teatro e 8 anos na poesia.
Viajei alguns países com meu trabalho de poesia.
Sou aquilo que sempre gostaria de ser

Insta @jofreitaspoesia
canal no youtube: https://www.youtube.com/channel/UCo--vOTAZo_znENlOwTXYWA

Poesia

Vão
Ele se foi como uma faca afiada que por erro não pode cortar
Se foi em vão, deixou um vão em meu pensamento
Carregou cada pedaço de seu corpo que pousava em mim
Como um dia estranho, nada feliz, nada triste
ele se foi
E desta vez sem deixar a chave escondida no vasinho de flores.
Como eu gostaria que existisse e pudesse transferir o amor que tinha por você, pra primeira pessoa que passasse na rua
Perdi o amor que sempre desejei
Perdi a conchinha de madrugada
Perdi teus dedos frios no meu corpo quente
Tua língua macia desenhando meu corpo
Perdi teu cheiro
Perdi aquele olhar nas manhãs que fazíamos amor
Perdi
Mas ganhei
Ganhei minha voz perdida em teu julgamento
Ganhei a chave das algemas e que não florescia
Ganhei novos olhares
Ganhei muitos desejos
Ganhei a vida que queria ter tido com você
Ganhei eu, novamente

Ganhos e perdas que hoje me fazem entender a vida
Mas que eu posso escolher o que entra e sai deste ciclo sem fim

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Sarau Sapeaçu

Sarau literário e cultural realizado na cidade de Sapeaçu - Ba.
Quando: toda 3ª Domingo de cada mês, às 14h
Quanto: entrada é gratuita
Onde: Rua Firmino Rosalvo Lopes - Parque das Mangueiras
Sapeaçu

Transformação com Emerson Alcalde

Como a poesia surgiu na sua vida?
Surgiu no Sarau da Cooperifa. Descobri o sarau em uma reportagem. Eu já me interessava por textos da literatura marginal conhecia autores de prosa e dramaturgia como Ferréz e Plínio Marcos, mas não conhecia nenhum poeta da qual tivesse me tocado profundamente.
Como você era antes da poesia?

Eu frequentava outros círculos. Com a poesia passei a circular mais pela cidade, conheci muitas pessoas, fiz amizades e parcerias.

Quem você é depois dela?
Hoje me considero um artista depois do descobrimento da poesia. Uma pessoa que escreve poesia, que escuta poesia que lê poesia que pesquisa poesia. Não sou exclusivamente poeta, mas estou poeta e isto é grande.
Blog http://emersonalcalde.blogspot.com

POESIA

Dinonísio no Cu-rriculo

Na sala me embriago com as teorias de Aristóteles
No bar me concentro na lógica de cada gole
Um Engov. Ópis, ops, o telefone, meu irmão Karamazov
Fiquei imóvel como os personagens de Tchecov. Saio do balcão meio maria-mole
Nos corredores os autores ébrios escrevendo sobre o cereal killer com chá, granola, caipora, a espanhola corrobora com Zola é natural naturalista a boemia o fogo paulista
com a coordenação somos épicos-brechtianos
com a atuação; românticos
com a direção; dramáticos
e assim vamos experimentando as bebidas as tomadas as comidas
Viajo nas leituras me dá tontura. No intervalo vou à rua tomado pela loucura de Hera direto pro boteco do Tiozinho Vânia. Já é primavera tempo da colheita da uva e de filosofar na alcova e imaginar as humoristas nuas sem cenários e figurinos representando a Escola de mulheres e maridos de Molière!
Mulher, como tem gente que não gosta, Molière?
Volto a aula pra expurgar o experimento, Evoé!
Pausa longa o aprendiz entra na ponta dos pés, no escuro, ta rolando um vídeo do Tarkovisk e o filme é;
A Infância de Ivan
Um garotinho magrinho e corajoso e hoje um bom vivã
Vou ser realista bebi mais do que eu li. E ninguém vai apagar a memória da cana de Newton porque ta na física e na construção da personagem simbolista o rei e a meretriz. Sonhei que tava indo com a Cléo pra Paris num palco giratório e as satyrianas em volta encenando o bacanal; vinhos; ervas; frutas; massas; Foi surreal. To lendo o Cerejal e vendo gaivotas e do outro lado da praça a Fedra travestida colorida com o Cabral. É uma difusão sexual! Essa usina é uma grande feira tem até freira, loucos, cegos e macumbeiras. Um território multicultural. Que escola pós-moderna que serra e martela, incorporou Dionísio no nosso CUrrículo do bode de rabo de galo é o falo neste pátio aberto vamos, em coro, os duzentos, fazer um brinde ao saudoso Alberto Guzik.
Evoé!!!
Emerson Alcalde

domingo, 19 de agosto de 2018

Transformação com Edinho

Como a poesia chegou na sua vida?
Nossa!Estou apaixonado poesia me faz mudança a vida é consegue influência pensamento pq minha tema não tem como igual outros poesias , isso quero mudar sociedade ensinar como tá difícil a vida comunidade surdo

Como você era antes da poesia? 
Como eu era antes da poesia? Eu não tinha interesse poesia quando abriu slam do corpo e zap  comecei ir ver me inspira muito e descobri muita que posso mostrar sociedade a minha poesia

Como você era depois da poesia?
Sou poeta, artista e militante
Poesia que Limpa a alma e abre a mente

Transformação com Tiago Luiz

Como a poesia chegou na sua vida?

Faço poesia desde meus dezoito anos, ou seja, a dezessete anos. Comecei quando conheci a posse Zumbi dos Palmares em 2002, lá na cidade que nasci em Juiz de Fora, Minas Gerais. Meus primeiros versos foram nas escritas que fiz como Mc, cantando rap e de lá para cá nunca mais parei.

Como você era antes da poesia? 

Antes da poesia, eu não fazia uma reflexão mais apurada dos fatos como hoje. A poesia me trouxe uma visão mais sensível e crítica da realidade por onde trânsito.

Quem é você depois da poesia?

Sou uma pessoa mais sensível, que vê em tudo motivo para escrever, registrar, mostrar o mundo nessa ótica. Não me vejo hoje mais sem viver o universo da poesia, ela me transformou num ser humano pleno, que observa a vida com um olhar além, que sente em tudo poesia.


Contra Redução

Os meninos são função.
Os meninos são fundão.
Para os meninos falta;
Saúde, escola, falta o pão.

Para muitos são bandidos.
Os sonhos dos meninos?
Um caderno, um castelo,
Um abraço um coração..

Cheio de amor, cheio de
compreensão, os meninos
São disposição, mas pros
Meninos  o que sobra é..

A camisa 10, titular na
Lojinha da biqueira...
Antes brincavam de
 Estilingue vulgo atiradeira.

Hoje os meninos são
Contadores, não de histórias.
Contam cifras, num sistema;
Neo liberalista, que explicita.

A vida dos meninos,
Como se fossem terroristas.
Mas o terror é ver jovens,
Virando estatísticas numa
Sociedade que insiste colocar...

Neles a culpa, 500 anos
 Passaram, antes os meninos
Eram filhos dos quilombos.
Hoje são crias dos escombros.

Aprendem a caminhar,
Aprendem a atirar mas
Para os meninos aprender
A amar é um contravenção.

Como já disse o poeta
Coração de vagabundo,
Bate na sola do pé os
Meninos aprenderam..

A dar o Pelé, no capitão!
Não o do Mato, sim o da
Rota que ganha medalha,
De honra quando mata...

O menino numa quebrada
qualquer e bate no peito
Dizendo; mais um
Vagabundo, esse foi morar...

No inferno, mas você já
Se perguntou e os de
Gravata e terno? Merecem
Morar aonde? Se os meninos

São realmente o problema,
Cite pra mim pelo menos
Um envolvido em esquema.
De propina ou do mensalão.

Acorda sangue bom, a corda
Tá no pescoço e  os meninos
Roendo o osso na escuridão,
De um calabouço, sombrio.

No brilho da caneta de ouro,
Do político engravatado, vejo
Vários meninos encarcerados.
E você aí apontado o dedo errado.

Se a redução da maioridade,
Penal resolvesse o problema.
Para político, corrupto e safado,
Uma arena de leões famintos..

Daqueles bem bolados, jogaria
Um por um, para sentirem na pele
O que é viver encarcerado vítima
De uma nação de alienados...

Que fecham os olhos para os
Verdadeiros problemas e
 Passam pano para os verdadeiros
 safados.

sábado, 18 de agosto de 2018

Transformação com Tula Pilar

+ Como a poesia surgiu na sua vida?
Surgiu em um sarau que era do lado de casa em Taboão da Serra. Sempre passava e ficava ouvindo os poetas até  que convidaram a mim e minha filha . mais velha para levar um texto. Nunca mais parei de escrever.

+ Como você era antes da poesia?
Eu era empregada  doméstica, diarista e passadeira de roupas.

+ Quem você é depois dela?
Quem sou hoje, escritora da periferia de São Paulo colaborando com outras mulheres invisibilizadas. Levo a arte e a poesia para nos transformar e nos libertar de muitos rótulos e preconceitos...




POESIA 

Poesia dos pés
Ah, não  terminei... Quem sou hoje, escritora da periferia de São Paulo colaborando com outras mulheres invisibilizadas. Levo a arte e a poesia para nos transformar e nos libertar de muitos rótulos e preconceitos...

Caminho pela cidade
Caminho pelo mundo
Buscando meus desejos
Estive aqui
Estive lá
Estou junto de mim
Volto na infância
Onde os pés libertaram-me
Pelos campos de terra vermelha de Minas Gerais
Corri para brincar de pique-esconde
Pular corda, amarelinha
- Joga bola!
- Olha a pipa no céu junto com arco-íris
- Choveu!
A água da chuva na enxurrada
Nossa roupa cheia de barro
- Xiiii! A mãe vai bater na gente
- Vamos lavar na cachoeira
- Não! Lava em uma lagoa!
- Na água do rio
- Bate os pés! Lava rápido senão afunda!
- Está de noite
- Vamos para casa
- A mãe via chegar!
- Tia, ascende a lamparina
- Machucou o pé de novo, menina!
Pés com eternas marcas de infância
Dormem para descansar
Acordam cedo para trabalhar
Caminham para o centro da cidade
Os pés me levam para onde quero ir…
Para onde posso sonhar!

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Transformação com Uberê Guelé

Como a poesia surgiu na sua vida? Como você era antes da poesia?

A poesia sempre fez parte da minha vida, desde criança quando ouvia minha mãe rindo e cantando, na música "Aquarela" do Toquinho que eu ouvia no CD que alguém me deu, "Mama África" do Chico César prendia minha atenção inocente.

Passo a escrever mesmo em 2010 quando conheci o Sarau do Binho, fui um dia sozinho, recitei, mandei poesia pro Correspondência Poética e era minha alegria achar ela impressa nas caixas que eram postas anarquicamente nos terminais.

Em 2014 eu me aprofundo quando começo a frequentar o Verso em Versos. Pra mim foi a possibilidade de explorar com mais intensidade e gosto a arte da oralidade.

Quem você é depois dela?
Me sinto mais completo, ou mais perto da completude.



POESIA

Os santos daqui pagam promessa:
São Pedro de São Paulo
não sabe o que quer.
mistura todos os climas e estações
no mesmo dia.
Já Santo Antônio não acredita na monogamia,
quem quiser encontrá-lo vá no baile da 17.
é um muleque piranha sarrando uma piriguete.
São Benedito sempre está na padaria do bairro
pede um pão na chapa acompanhado de um pingado.
São Gonçalo toca samba nas linhas de metrô e trem
“Quem puder ajudar Deus abençoe,
quem não puder, abençoe também.”
São Jorge é dedetizador.
São Judas aposta na Mega-Sena.
Santa Luzia usa óculos escuros por não ter colírio.
Enquanto São Francisco trabalha feito animal.
Os santos daqui pagam promessa
pra não passar mal.

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Transformação com Diogo Silva

Como a poesia surgiu na sua vida?
A poesia surgiu como fantasmas nas ruas, vinha um monte de frase na cabeça, provocava uma euforia ao mesmo tempo eu acha que era loucura e tudo se resolveu quando comecei a colocar pra fora com papel e caneta.

Como você era antes da poesia?
Eu vivia no mundo da fantasia, aquele monte de palavra solta na cabeça que surgia não sei da onde, aparecia na escola, no banho, em casa, na rua. Me fazia esquecer de tudo, era muito destraido.

Quem você é depois dela?
Antes eu achava que poesia era só romance, escrever coisas bonitas, cartinha pra namorada. Então eu achava que não sabia fazer, até descobrir o rap, poesia urbana, foi onde me encontrei e aí começou a transformação. Hoje me sinto forte intelectualmente, tenho fome de conhecimento, tenho interesse pela leitura, construo e realizo meus sonhos.

Poesia

Poesia dias de primavera
Mudança de estação, está um dia bonito mas está frio, primavera.
A fresta de luz entra pela varanda em minha janela, toca minha pele, me tira um sorriso.
As pessoas saem de casa como livros empoeirados, precisando contar suas histórias, sentir o tato, para uns difícil para outros fácil, depende da hora, beija flor só voa fora gaiola.

Amantes amargos nem sempre conquistados, empurram do décimo andar o coração para fora, em um canto calado por entre os lábios suspiros de sons a procura das notas,que dançam, entrelaçadas em um translado abstrato ninguém pega, assim como o tempo, tudo passa, amadurece e revela, assim mantenho meus sonhos sentindo os pequenos raios solares de um dia de primavera.

Transformação

A poesia transforma.

Por isso, estamos fazendo pequenas entrevistas com poetas sobre o tema.

São apenas três perguntas

Como a poesia chegou na sua vida?
Como você era antes da poesia?
Quem é você depois da poesia?

As respostas serão publicadas em  nosso site www.versoemversos.com.br



quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Sarau Elo da Corrente

Coletivo Literário Sarau Elo da Corrente foi fundado em 2007, no bairro de Pirituba em São Paulo, e tem como principal iniciativa um sarau, realizado no bar do Santista, encontro literário e comunitário que fomenta a produção de conhecimento oral e escrito.

Deste encontro desdobram-se outras atividades, como a manutenção de uma biblioteca comunitária, um espetáculo de poesia falada, um blog e uma editora independente, a Elo da Corrente Edições, que publica obras dos artistas parceiros.

O Sarau Elo da Corrente tem como objetivo construir, de forma participativa, referências positivas sobre o bairro, abrindo um espaço de livre expressão, produção cultural e registro dessa produção. O eixo de atuação do coletivo é a produção, fomento e difusão da cultura de periferia, negra e nordestina.

Quando acontece: segunda quinta-feira do mês

Prêmios:

- Cooperifa (Cooperativa Cultural da Periferia) “Sacho Pança da Periferia” – 2008.
- Cultura Hip Hop - Edição Preto Ghoéz (Categoria Conexões) - 2010 (Minc).
- Literatura de Cordel - Edição Patativa do Assaré (Categoria Edição da Folhetos) - 2010 (Minc)
- Selo de Reconhecimento - Prêmio Cultura Viva 2010 - Semifinalista (Minc)

De Busão:
Centro: Jd.Líbano/Pça República - 8677/10 ou 31 (Pça República)
Lapa: Santa Mônica/Terminal Lapa - 8004 (Dentro do Terminal)
Pirituba: Santa Mônica/Terminal Pirituba -8008 (Dentro do Terminal)
Pinheiros: Jardim Nardini/Itaim Bibi - 958P (Av. Faria Lima)

De Trem;
Estação Pirituba: Linha Luz - Fco. Morato ( E pegar ônibus no Terminal Pirituba)
Descer na Rua Jurubim (segundo ponto -Jardim Monte Alegre)

CONTATOS:
sarauelodacorrente@gmail.com
Facebook: www.facebook.com/ElodaCorrentesarau/


Bar do Santista -Rua Jurubim, 788-A. Pirituba - Zona Oeste

MAIS INFORMAÇÕES
http://elo-da-corrente.blogspot.com

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Sarau do Vinil

Quando: toda 3ª quinta-feira de cada mês, às 21h
Sarau do Vinil - Mentes e Microfones Abertos. Desde 2011 promovendo Literatura, Música e Arte na periferia da Zona Sul de São Paulo, na Vila Joaniza!
Quanto: entrada é gratuita
Onde: Area51bar
1439 Avenida Yervant Kissajikian, 04653130 São Paulo

Verso em Versos no Sesc 24 de Maio - Estéticas das Periferias

Sarau Verso em Versos celebra Antologia Verso em Versos no Sesc 24 de Maio pelo Estéticas das Periferias
Sábado 1 de Setembro 2018 das 18h as 19h
PROGRAMAÇÃO
Mestres de cerimônia
Aline Anaya + James Lino + Jaime Diko Lopes + Isac Andrade
MAIS INFORMAÇOES
https://www.facebook.com/events/673915776322232/
MAIS INFORMAÇÕES


terça-feira, 24 de julho de 2018

Verso Em Versos Ocupa a Flip com a Flop - Paraty/R.J

FLOP, FEIRA DE LITERATURA ORAL DE PARATY, TRAZ PROGRAMAÇÃO DE POVOS DE TERREIROS, INDÍGENAS E PERIFÉRICOS

A importância da oralidade na preservação das memórias e ancestralidades será celebrada em uma casa dedicada à tradicional sabedoria transmitida boca a boca

Enquanto a FLIP, a Festa Literária Internacional de Paraty, prestigia a escrita, uma programação paralela e independente ocorrerá na FLOP, a Feira de Literatura Oral de Paraty. Entre os dias 25 a 29 de julho, povos de terreiro, indígenas e das periferias promovem atividades que valorizam a forma mais antiga de se propagar conhecimento: a tradição oral.

A sede da FLOP, na casa Caracol dos Povos de Terreiros (no bairro de Caboré, a cerca de 1,5km do centro histórico) estará aberta ao público e vai sediar palestras sobre ecologia, cultura e conhecimento dos Povos de Terreiros além de oficinas, exposições, mostra de filmes e apresentação de um sarau de poesia da periferia de São Paulo. De lá também sairão os grupos que vão participar de atividades numa aldeia indígena (25/07) e numa comunidade caiçara (29/07).

Nascida da parceria entre as ONGs União Nacional Camponesa (UNC), que promove desenvolvimento agrário familiar, e a Rede Afroambiental, dedicada à preservação da natureza e recursos hídricos, a casa Caracol têm a intenção de estreitar laços culturais e também criar um projeto comum sobre o conhecimento de agricultura tradicional, comunidades de cultivo familiar e projetos de economia comunitária e solidária.

Não por acaso, o local conta com uma feira onde um mercado comum vai concentrar atividades relacionadas ao comércio, gastronomia, moda e artes. O território presta homenagem a Exú, orixá que no Candomblé ilumina essas atividades. Uma bolsa de negócios e oficinas de moedas solidárias e comunitárias serão realizadas ali.

Literatura oral e ancestralidades
 “A oralidade sempre preservou histórias e garantiu às gerações afro-brasileiras e indígenas o conhecimento de seus antepassados”, diz o coordenador da FLOP, Mestre Aderbal Ashogun, executivo de tecnologias socioculturais e sacerdote do candomblé, do terreiro Ilê Omiojuaro. “A sabedoria oral está presente nas periferias e sobrevive à margem dos incentivos aos registros da memória, o que precisa ser revisto”, completa Aderbal, filho da Iyalorixá Mãe Beata de Iemanjá, uma das mais importantes ativistas no combate à intolerância religiosa e militante dos direitos humanos, meio-ambiente, defesa e preservação da cultura afro-brasileira.

“A escrita é apenas uma das maneiras de se guardar conhecimentos”, conta o Mestre que é premiado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). “A principal forma - e por vezes a única - de resgate e preservação das ancestralidades foi a conversa pacientemente transmitida de boca a ouvido entre mães e filhos, avós e netos, amigos, mestres e comunidades. São heranças seculares que sobrevivem até hoje.”

Mestre Aderbal, que também é coordenador da rede afro-ambiental Omo Aro Cia Cultural, lembra que apesar de todas as tecnologias a literatura oral sempre se  renova. “Os saraus periféricos que se espalham por todo o Brasil em esforços autônomos e independentes são exemplo dessa contínua transmissão de conhecimento pela oralidade”, conclui.

Na FLOP, haverá apresentação de poetas do Sarau Verso em Versos, que há cinco anos realiza apresentações na periferia da Zona Sul de São Paulo. “Nossa celebração foi inspirada nos saraus mais antigos, na velha-guarda que representa os guardiães do saberes; nossos griôs de quebrada”, explica o produtor cultural Jaime Diko Lopes. “Diante deles somos erês urbanos, aprendizes de todos os saraus que acontecem no Brasil. Nos orgulhamos de fazer parte desse circuito que se multiplica entre becos e vielas, somos parte de um movimento cultural de literatura periférica.”

Entre as atrações da FLOP, destaca-se um dia inteiro de visita à Aldeia Pataxó Iriri Kãnã Pataxiui Tanara (Minha aldeia é a natureza), com acompanhamento do Cacique Leonardo Hãngui Pataxó e comunidade. Haverá ainda a performance “Treme Terra Esculturas Sonoras”, que usa o som como ferramenta para o corpo atingir planos meditativos e transcendentes, como nas culturas dos povos tradicionais. A participação dos índios da aldeia Pataxó de Paraty ao longo da FLOP também promete mergulhos em diferentes visões de mundo e experiências. Uma visita coletiva à comunidade de caiçaras de Paraty, por fim, será vivenciada como mais uma manifestação viva das tradições orais.

FLOP - Feira de Literatura  Oral de Paraty
Local: Caracol dos Povos de Terreiros (Caboré)
Rua dos Bem Te Vi, 276, Bairro Caboré, Paraty
informações: (21) 99299-2204 e (21) 99987-1414
FLOP.povos@gmail.com
FACE: @FeiradeLiteraturaOraldeParaty
Insta: @flop.povos

PROGRAMAÇÃO FLOP 2018
Todas as atividades da FLOP foram programadas por representantes de povos de terreiros, indígenas e periféricos. Literatura não é só escrita. Vamos prestigiar a mais tradicional das formas de transmitir conhecimento: a oralidade!
A homenageada da FLOP é a Iyalorixá Mãe Beata de Iemanjá, uma das mais importantes ativistas no combate à intolerância religiosa e militante dos direitos humanos, meio-ambiente, defesa e preservação da cultura afro-brasileira.

Quarta-Feira DIA 25.07 - Roda do Conhecimento dos Povos Indígenas
Local: ALDEIA IRIRI KÃNÃ PATAXIUI TANARA (Minha Aldeia é a Natureza). Ponto de encontro na Casa Caracol
10hs Palestra: “Ecologia , Cultura e conhecimento dos Povos indígenas”, com Cacique Leonardo Hãngui Pataxó e comunidade.
12hs Almoço
14hs Roda de conversa: “Patrimônio Cultural e Direito”
16hs Passeio na trilha da cachoeira para a praia
18hs Maracás e Tambores 0 Bio-interações Musicais Afro Ameríndias
22hs- Encerramento

Quinta Feira DIA 26.07 - Roda do Conhecimento dos Povos de Terreiros
Local: CASA CARACOL DOS POVOS DE TERREIROS
10h - Palestra: “Ecologia, Cultura e Conhecimento dos Povos de Terreiros”, com Mestre Aderbal Ashogun. Convidada: Yá Dagan Neusa de Ogun, da Ilê Omiojuaro-RJ, Casa Fundada por Mãe Beata de Yemanjá
12hs - Almoço
14hs - Roda de conversa: “Lei dos Mestres e Mestras”
Com Mestre Aderbal Ashogun;  Yá Dagan Neusa de Ogun; Ivana Bentes, diretora da ECO-Escola de Comunicação Ufrj; Cacique Leonardo Hãngui Pataxó; Carlos Lopes, Presidente da Conafer (Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Rurais); Jaime Diko Lopes, articulador cultural da El Choq Produções Sarau Verso em Versos e Ajayô Samba do Monte; Alex B. Barcellos, articulador cultural da Agência Solano Trindade; Clarisse Mantuano, diretora de cinema e jornalista; Flávia Martinelli , jornalista; Rosa de Oxun Cientista Social.
19hs - Performance “Treme Terra - Esculturas Sonoras”, com Aderbal Ashogun e músicos convidados: Fabíola Machado (voz), Jorginho Lyra (percussão),
22hs – Encerramento

Sexta Feira DIA 27.07 - Roda dos povos
Local: CASA CARACOL DOS POVOS DE TERREIROS
10hs - Atividade aberta: “Comunicação, Educação e Economia das Culturas” - Com Cacique Leonardo Hãngui, da aldeia Pataxó de Paraty; Sonia Bone Guajajara vice de Guilherme Boulos na candidatura à presidência pelo PSOL,  Carlos Lopes (Presidente da Conafer; Jaime Diko Lopes, articulador cultural da El Choq! Produções Sarau Verso em Versos e Ajayô Samba do Monte; Alex Barcelos, articulador cultural da Agência Solano Trindade; Clarisse Mantuano, diretora cinematográfica e jornalista; Flavia Martinelli, jornalista e Fabiola Machado, cantora.

Sábado - 28.07 – Roda do conhecimento dos Povos Periféricos
Local: CASA CARACOL DOS POVOS DE TERREIROS
14hs Articulação coletiva e Produção cultural das Periferias. Com Aline Anaya, Roberta Oliveira, James Lino, Isac Andrade e Jaime Diko Lopes do Sarau Verso em Versos, Augusto Cerqueira, Juliana Borges do programa VAI da Secretaria de Cultura do município de São Paulo, Alexandre De Maio jornalismo em quadrinhos influenciado pela cultura hip hop e comprometido com temas sociais.
19hs - Sarau Versos em Versos - Desde 2012 o sarau de poesia da periferia da Zona Sul de São Paulo reúne pessoas interessadas em expressar seu encanto pela arte por meio de intervenções poéticas, musicais, gastronômicas, audiovisuais ou performances. Mestres de cerimônias e poetas do Verso em Versos vão se apresentar mas o microfone estará aberto a todos que quiserem entrar na celebração.
Celebração aos livros: “Caroço de Dendê a sabedoria dos terreiros”, de Mãe Beata de Yemanjá; “Locomotivamente”, da Pow Litera-Rua; “Antologia do Sarau Verso em Versos”, obra coletiva dos poetas do Sarau Verso em Versos;  “Nos Kintais do Mundo”, “Na humildade e sem maldade”, “Nuances de libido INCORPOROS” do escritor AkinsKintê,"Década de dez Vol.II", de Augusto Cerqueira e Raul história em quadrinhos de Alexandre De Maio
link do sarau: https://www.facebook.com/events/168465617127398/

Domingo - 29.07 – Roda de conhecimento do povo caiçara com visita à comunidade
Ponto de encontro: CASA CARACOL DOS POVOS DE TERREIROS
9hs Visita à comunidade Caiçara de Trindade
12hs Almoço
16hs Avaliação\Encaminhamentos
18hs Encerramento.

MOSTRA DE FILMES FLOP
Local: Caracol dos Povos de Terreiros
26/07 -
20hs - "Exu - A Boca do Mundo": documentário traz múltiplas representações e significados do orixá com imagens captadas por adeptos do Candomblé. (Direção de Eliane Costner - Brasil)

27/07 -
19h30hs - "Now": produzido pelo principal cinecronista da revolução cubana, o filme foi realizado em 1965 em apoio à luta de Martin Luther King pela igualdade de direitos humanos nos Estados Unidos. (Direção de Santiago Alvarez - Cuba)
20:30hs - A Chegada dos Pataxós ao Rio - Paraty
21hs - "Cidade das Mulheres" - o longa metragem com imagens e depoimentos de mães de santo da Bahia trata da reinvenção dos culto aos orixás, o surgimento do Candomblé no Brasil e a liderança das mulheres de santo nos templos e na sociedade. (Direção: Lázaro Farias- Brasil)

28/07
- 20h30 - "Encruzilhada das Águas" - A vida de Mãe Beata de Yemanjá - Teaser do documentário sobre a escritora, mãe de santo e militante dos direitos humanos e meio ambiente que além da imensa importância religiosa deixou inestimável herança na luta contra a intolerância religiosa. (Direção: Clarisse Mantuano- Brasil)

Diariamente  no telão - " Ajayô Samba do Monte​" - exibição de três documentários da série sobre a celebração que é realizada a cada três meses no bairro do JArdim Monte Azul, na Zona Sul de São Paulo. (Produção: Coleta Filmes - Brasil)​.
No telão - "Diálogos" - Vídeos com os mestres de cerimônia do Sarau Verso em Versos James Lino​, Jaime Diko Lopes​ e Aline Anaya declamam poesias apresentadas no tradicional evento realizado há mais de cinco anos na periferia da Zona Sul de São Paulo. (Brasil)

COZINHA DE AXÉ
Local: Caracol dos Povos de Terreiros
Com Tia Nice (Agência Solano Trindade), Caio de Logun (Ilê Omiojuaro), Rosa de Oxun( Ilê Omiojuaro)

26/07
Almoço: Acarajé e Xinxim de galinha
Jantar: Saladas, caldos, sopas

27/07
Almoço: Moqueca de peixe
Jantar: Saladas, caldos, sopas

28/07
Almoço: Carne de Porco e Feijão Tropeiro
Jantar: Saladas, caldos, sopas

29/07
Almoço: Mocotó com Grão de Bico
Jantar: Saladas, caldos, sopas

ESPAÇO EXU
Território que presta homenagem ao orixá Exu, onde um mercado comum vai concentrar atividades relacionadas ao comércio, gastronomia, moda, arte e atividades artísticas. Uma bolsa de negócios e oficinas de moedas solidárias e comunitárias também estará no local. Convidada: Yá Regina de Exu.


PARA SABER MAIS: FLOP - Feira de Literatura Oral de Paraty
Local: Caracol dos Povos de Terreiros (Caboré)
@informações: (21) 99299-2204 e (21) 99987-1414
FLOP.povos@gmail.com
FACE: @FeiradeLiteraturaOraldeParaty
Insta: @flop.povos

Parceiros da FLOP - Feira de Literatura Oral de Paraty:
ALDEIA IRIRI KÃNÃ PATAXIUI TANARA (Minha Aldeia é a Natureza)
Conafer (Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais)
Rede Afro Ambiental
Unc - União Nacional Camponesa
Ilê Omiojuaro
Articula Matriz Africana
Agência Solano Trindade
Ajayô Samba do Monte
Sarau Verso em Versos
El Choq! Produções
Flama (Frente Liberta Matriz Africana)

sábado, 21 de julho de 2018

Aline Anaya do sarau  Verso em Versos versando no Ajayo Samba do Monte

Aline Anaya do sarau  Verso em Versos versando no Ajayo Samba do Monte
No dia 9 de julho de 2017, na zona sul de São Paulo o Ajayô Samba do Monte, espaço de música e trocas de conhecimento sobre as origens do nosso povo.

Aniversário Verso em Versos 6 anos

Aniversário Verso em Versos 6 anos
SÁBADO, 27 de Outubro às 10:00 – 23:00
Mestres de cerimônia
Aline Anaya + James Lino + Jaime Diko Lopes + Isac Andrade
Rua batista crespos 105 na Agência Solano Trindade
Ponto de referência Terminal Campo Limpo
Produção de El Choq! Produções
LINK DO EVENTO
https://www.facebook.com/events/500500150402988/

quinta-feira, 19 de julho de 2018

Verso em Versos Ocupa a Flip com a Flop - Paraty/R.J

Salve amigos, do dia 26 de julho até 30 de julho o Sarau Verso em Versos vai celebrar o lançamento de seu primeiro livro, a Antologia do Sarau Verso em Versos, na Feira Literária Internacional de Paraty, a FLIP ou melhor na FLOP Feira Literária Oral de Paraty
Nosso sarau será dia 28 de julho no endereço Bem-te-vi - Rua Quero-Quero 276 - Caborê, Centro de Paraty - RJ.

Isso mesmo! Vamos colocar o nosso livro embaixo do braço e ir para Paraty com a cara e a coragem. Queremos apresentar à FLIP ou melhor FLOP os grandes poetas que estão na periferia de São Paulo e merecem ser prestigiados neste grande evento de literatura.

Nossa viagem vai acontecer de maneira totalmente INDEPENDENTE. Isso quer dizer que ainda não sabemos como iremos mas, sim, estaremos lá!

+ Pow Litera-Rua vai celebrar o livros Locomotivamente
+ Verso em Versos vai celebrar o livro Antologia do Sarau Verso em Versos
+Akins Kintê vai celebrar os livros 3 livros (Nos Kintais do Mundo / Na humildade e sem maldade / Nuances de libido INCORPOROS)

Quem topa nos acompanhar?

https://www.facebook.com/events/168465617127398/