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Transformação

Transformação
Entrevista com poetas

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Transformação Quina

Como a poesia surgiu na sua vida?
A poesia surgiu antes de eu imaginar que tantos desabafos eram.na verdade poesia. Na adolescência.

Como você era antes da poesia?
Antes da.poesia era um nó na garganta.

Quem você é depois dela?
Depois dela sou tudo, através dela me transformo todo dia.








POEMA

"Por cima da cama
Dois corpos suados, o extasiados,  nus.
Por dentro dos olhos um sorriso,  nós,  luz.
De todos os gritos,  sussurros e gemidos também teve blues. "

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Transformação com Márcio Ricardo

Como a poesia surgiu na sua vida?
A poesia surgiu com as rimas, eu não tinha amigos aos 6 anos, e daí aprendi rimar antes de aprender ler e escrever. Quando eu entrei na escola e aprendi ler e escrever comecei a conhecer melhor o som e tom das palavras e enriqueci o meu vocabulário. Quando eu tinha algum problema eu não conseguia desabafar com ninguém, nem na escola e nem em casa. E um dia vi um livro de poesias e vi que nas estrofes tinham os versos e os versos contia rimas. Daí eu trocava ideia comigo mesmo, a primeira estrofe rimando eu falava sobre os meus problemas, a segunda eu fingia que era alguém de fora e tentava resolver os meus problemas, e por aí vai. A poesia desde criança para mim é como se fosse um corte, não rasga a pele, mas você precisa ver como fica a nossa alma quando colocamos para fora todas as coisas boas e ruins que sentimos.

Quase fui jogador de futebol, e por necessidade tive que parar de estudar aos quinze para chegar no horário correto no clube que eu jogava, machuquei o meu joelho e o clube não quis pagar a minha cirurgia, dai tentei voltar a estudar, mas não consegui vaga em nenhuma escola do Grajaú. Só voltei a estudar com 21 anos, fazendo o EJA, a suplência. Lá, uma vez fui zoado por estar escrevendo poesias, daí levantei e falei uma poesia para todos, uns gostaram outros não, mas o importante foi o respeito. Conheci a que é hoje minha madrinha na arte, Maria Vilani, e ela me apresentou o centro de Arte e Promoção Social. Em uma roda de poesia mostrei meus textos, que chamou a atenção de um filósofo chamado Cesar Mendes da Costa, que tem uma editora no parque Sto Antonio e apostou em mim, publicando o meu primeiro livro, o "Felicidade Brasileira". O resto muitos ja sabem da história, surgiu o poeta Márcio Ricardo.

+Como você era antes da poesia?
Acho que a poesia sempre foi o melhor dos ouvidos, no papel e caneta eu podia gritar, e falar e falar (escrever), que ninguém nunca iria me julgar, me cortar...
Porém o ser humano é muito invisível para a sociedade, e eu não era diferente.

Quem você é depois dela?
Hoje eu sou amigo e conheço grandes escritoras e escritores, pessoas que me representam e representam os meus, os nossos. Pessoas que eu olho para o lado e digo: "Não tô só".
A poesia é um grito, e hoje eu agradeço tudo que sou e o que ainda posso ser graças a ela.

Pra quem nasceu dentro de uma viatura, sem forças para chorar, e depois ser adotado e passar por tudo que passei até hoje, é uma conquista poder escrever uns versos, e quando alguém me ouvi, é um pedaço do paraíso, e não digo que é por ego, e sim por merecimento de uma linga estrada de quase 28
 anos.

 

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Transformação com Victor Rodrigues

Como a poesia surgiu na sua vida?
Ela surgiu como uma rota de fuga. Ou um plano de vingança. E uma questão de sobrevivência. Eu cresci quieto e meio perdido, sem ver muito sentido nas coisas que me eram apresentadas. Fiz um monte de curso profissionalizante, trabalhava, fazia faculdade pra poder ser promovido. Seguia a cartilha da ascensão social à risca. Mas tava ficando doente. Aquilo era muito pouco e cruel. A vontade de viver ia acabando. Aí a poesia virou refúgio. Mas apareceu bem no susto. Eu não tinha esse contato tão claro com ela quando era mais novo, nem de ler nem de escrever. Foi rolando a partir duns 19 anos mais ou menos, quando eu já não aguentava mais mesmo e precisava por pra fora. Aí um mundo se abriu e eu me apeguei a ela como o que me restava.

Como você era antes da poesia?
Bastante quieto e deslocado. Não me via em lugar nenhum, me colocava pouco, só observava. Rolou muita coisa na minha vida que me fez ficar escondido pra dentro. Doenças, tretas, crises. Da morte do pai à relação com a mãe, da depressão ao marcapasso. Esse mundo não servia, desde cedo eu sentia que tinha alguma coisa errada.

Quem você é depois dela?
A poesia trouxe um negócio esquisito com a vida. De perder o medo de correr o risco. De se ver na palavra e nos outros que ela carrega. Continuo perdido, deslocado e vendo muita merda no mundo. Mas agora não tão sozinho. Tem a palavra pra acompanhar sempre. E essa necessidade de inventar mundos no texto. De sair de dentro e exercitar minha fragilidade. De se encontrar na sensibilidade das coisas. Às vezes só faz aumentar a carga de coisa pra carregar, mas às vezes alivia. Foi uma escolha de viver a vida, construindo junto.

Transformação com Peu Pereira

Como a poesia surgiu na sua vida?
Tenho um irmão que sempre leu muito, o Iuri Pereira. E tinha alguns livros de poesia e também ouvia umas músicas “diferentes”. Na década de noventa na zona sul de São Paulo, no Parque Santo Antônio, ouvia-se sobretudo Racionais e os pagodes noventistas. “O que é que eu vou fazer com essa tal liberdade?”…
E uma vez ele tava escutando uma musica do Secos e Molhados e as palavras da letra da música nunca mais saíram de mim: “Se eles têm três carros, eu posso voar”.

Como você era antes da poesia?
Eu trabalhava como camelô e tinha que ir do parque Santo Antônio até o túnel Nove de Julho. Eram umas três horas de ônibus por dia, então eu precisava fazer alguma coisa enquanto estava ali. Ainda bem que não tinha celular nessa época. Nesse trajeto de ida e volta li muitos livros. Lembro do primeiro que li, foi um do Sidney Sheldon sobre umas enfermeiras, lembro muito pouco da história. Depois li bons livros como Olhai os lírios do campo, do Érico Veríssimo, Agosto, do Rubem Fonseca, a parte do inferno da Divina Comédia, o Poderoso Chefão… Li uma porrada de livros até que apareceu um do Manoel Bandeira. E gostei de mais. Depois fui aprendendo a identificar os tipos de leituras que mais me agradavam pra poder estar sempre lendo.

Quem você é depois dela?
Leio muita gente do movimento de Literatura da Periferia como de outros lugares do mundo também. Gente viva e gente morta. conheci muito gente depois dos saraus da Coopera e do Binho. Acho que ler é o que mais importa, mais do que escrever até. Porque quando lemos tiramos um tempo para nós mesmo. Para pensar, imaginar e refletir o mundo e a vida. E afinal é isso que importa. Ter os seus momentos, sentir sua singularidade nesse universo, refletir o tempo e a existência. Como surgimos? Eis o maior mistério. 

Poema

As valentias do mundo

O que tem faltado pra gente?
Usamos drogas pra sentir o amor
Para tocar na pele e olhar nos olhos
Já não conquistamos sensações
Com nossos próprios corpos
O que nos tem faltado?
Somos a juventude e gostamos
Mais de ácido e cocaína
Do que de política e rock and roll
Do sexo sabemos apenas penetrar 
Desaprendemos sentir os poros
Rompendo em milhares de fissuras
Transfundindo todos os sangues
Gostamos mais dos nossos carros
Do que do pau duro
O que será mais falso?
Nós usamos as drogas
E nossos pais não vão morrer de overdose
Vão morrer de trabalhar e só.
Todos os poemas bonitos
Não valem uma pedra contra o sistema.
Fim da conversa no bate-papo
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Transformação com Jefferson Santana

1 Como a poesia surgiu na sua vida?
A poesia surgiu pra mim ainda na época da escola. Eu tava na oitava série quando comecei a escrever meus poemas. Tinha até caderno, mas não achava que isso me levaria pra muito longe. Eu escrevia só pra ter um modo de expor e me livrar das minhas aflições.

2 Como você era antes da poesia?
Eu era uma pessoa fechada, muito mais que hoje, quase não conversava. Minha visão de mundo também era bem limitada.

3 Quem você é depois dela?
Depois da poesia e principalmente depois que conheci os saraus me transformei radicalmente. Comecei a enxergar meu papel no mundo, comecei a me posicionar contra as injustiças e lutar por dias melhores. A poesia pra mim é mais que uma graduação.

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

O poder restaurativo da literatura periférica

Do terrorismo nos morros e vielas ao impedimento nas assembleias e passarelas, o negro é inviabilizado no Brasil por meio de políticas públicas que não favorecem a sua participação nas esferas de poder do país. Isso significa que sem representação também não há o reconhecimento da comunidade negra como atuante na história da formação da economia brasileira, não apenas do povo do Brasil, por conseguinte a autoestima desse contingente fica rasteira.

Essa realidade é sentida por todas as gerações que desde a mais tenra idade convive com a nulidade do poder, da representatividade e da beleza africana, pois lhes ensinam a história do negro a partir da diáspora, como se essa raça existisse unicamente para a servidão e como escravos libertos, alheios à própria história.

Por essa razão, poetas marginais que têm recuperado as raízes culturais dessas pessoas por meio da pesquisa, da estética e do fazer poético nos temas, na linguagem ou na forma da poesia, como Luan Luando, Elizandra Souza, James Bantu e Thata Alves, para citar alguns, acolhendo um vocabulário ancestral na construção de formas negras mais vivas e simbólicas, as quais recuperam o ânimo de um povo esquecido e à deriva na própria vivência numa espécie de folclore alimentado pelo racismo da elite e ignorância dos seus iguais, alimentando o banzo presente em cada existência preta no Brasil.

Ademais, os meios de controle da população negra continuam muito ativos na figura do “capitão do mato” contemporâneo: a PM que, embora tenha abandonado a chibata, brande o cassetete a torto e a direito nas periferias do país; através do encarceramento em massa da juventude periférica no auge da sua força criativa e da sua potência de mudança, numa clara atitude de poda de um extrato da sociedade que sempre ameaçou a ordem vigente; e na oferta de Educação de baixa qualidade, o que impede essas pessoas de ascenderem economicamente. Os versos de Luan Luando são bons exemplos de como a deformação da história do negro no Brasil o torna um marginal na própria história:

Hoje temos policial.
a chibata não acabou e nem sumiu: evoluiu
[...]
A chibata está no cassetete
que priva o manifestante de exercer seu direito.
A chibata é o preconceito
entre os semelhantes.

A chibata é a deslizante ilusão da televisão
que quer que você a veja, só pra te entreter,
e esconder os abusos de quem está no poder.
[...]
(LUANDO, Luan. Manda busca)

Logo, a falta de conexão com as reais raízes africanas faz da criança negra, por exemplo, mero agente amplificador do esquecimento dessa cultura no Brasil, execrando as religiões ancestrais e demonizando a arte periférica original. Sobre isso Elizandra Souza poetizou:

Tecendo memórias

Ouço as minhas ancestrais:
Cantando, raiar os luares
Dançando, o sagrado costurar
Sorrindo, colher as flores

Retribuo:
Sonhando poesias,
Construindo melodias,
Recitando amanhãs

Flutuo na terra, piso no mar
Enfrento serpentes e armadilhas
Mergulho dentro de mim...

Atribuo a vocês, minhas ancestrais
Quem hoje sou eu, danço seus ritmos meus
Peneiro o deserto, encontro tesouros
Mesmo que besouros rondem meu lar
Pétalas finas e cheirosas
Rosas rubis a quem possa me interessar

Corro e percorro de sapatos vermelhos
Trilhas, trilhos, engrenagens
Roupas, arco-íris na vida cinza
Sozinha, ando sempre acompanhada
Ancestral minha que hoje sou eu.
(SOUZA, Elizandra. Águas da cabaça)

Esses são versos de verdadeiros representantes da poesia Pós-moderna brasileira, na qual há um alinhamento de diferentes tendências estéticas dos séculos XIX e XX, como o trabalho com a “palavara-pedra” à João Cabral de Melo Neto, a sugestividade branca do neossimbolismo em Cecília Meireles, ou a transgressão da sintaxe tal qual Mário de Andrade propôs e foi habilmente praticado por Clarice Lispector. Esses versos foram tecidos por mãos negras que não mais ficaram, nem ficam ou ficarão invizibilizadas, pois participam do cenário cultural vivo brasileiro, mãos habilidosas que contribuem para a mudança no paradigma de violência e comoção relegado à população das periferias do Brasil. Ademais, o negro ocupa seu lugar na história como protagonista do seu processo de libertação do cativeiro, como ser existente e possuidor de uma rica cultura muito anterior à presença do europeu no continente africano (erguendo civilizações, não como escravos, mas como soberanos, tal qual a egípcia), e não como vil aproveitador da escravidão fazendo fortuna às custas do sofrimento alheio (como o europeu sempre tentou ensinar na educação básica que o negro escravizou o negro).

Por fim, o opressor sabe que negar a história do oprimido é a forma mais eficaz de desumanizar uma categoria de pessoas sobre a qual se queira impor poder, mas a violência dos opressores também os desumaniza, visto que estes distorcem a realidade para tornar o oprimido um ser inferior a ele, mas, cedo ou tarde, aqueles que sempre foram impedidos de gozar de um estado de plenitude justa e humana, lutam contra quem os fez menos (FREIRE, 2012). Por isso que o papel restaurativo dos poetas periféricos é tão necessário no processo de reconquista da história do negro – na África – embora a perspectiva seja dos becos, vielas e morros do Brasil. Afinal, saber as próprias origens é a base para se lançar para um futuro vindouro.

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Dona Eda Luiz é a homenageada da Felizs 2018

Coordenadora Geral do Cieja Campo Limpo por 20 anos, Dona Eda construiu no Capão Redondo um projeto pedagógico baseado na inclusão e no acolhimento que hoje é referência de educação democrática no Brasil e no mundo. Sempre de portas abertas para a comunidade, o Cieja Campo Limpo trabalha em conjunto com os movimentos culturais da zona sul fortalecendo os vínculos no território e as potências do lugar.

Programação 2018 - FELIZS, Feira Literária da Zona Sul

PROGRAMAÇÃO IV FELIZS - FEIRA LITERÁRIA DA ZONA SUL
Sobre clique aqui
10.09 - 15H
CONTAÇÃO DE HISTÓRIA:  ÁFRICA EM CONTOS  - CIA COLHENDO CONTOS E DIÁSPORA NEGRA
A Cia. Colhendo Contos e Diáspora Negra apresenta três narrativas infantis que se passam na Etiópia, em Gana e em Angola, mas que tratam de assuntos universais. As histórias são: "Os Reis de Gondar", "Os Sete Novelos" e "Os Comedores de Palavras", que ensinam às crianças a importância da solidariedade, do respeito, da amizade e da família.

INTERVENÇÃO MUSICAL: MARLON CRUZ
LOCAL: EMEI CAMPO LIMPO
10.09 - 21 H
SARAU DE ABERTURA DA IV FELIZS
APRESENTAÇÃO DE DANÇA, MÚSICA E LITERATURA -  ERMI PANZO E YANNICK DELASS
Ermi Panzo, poeta e bailarino angolano, apresenta cenas que evocam a poesia angolana e de outros autores africanos utilizando-se das linguagens cênica, musical e corporal, em parceria com o músico Yannick Delass. Em seguida, o Sarau de Abertura da IV FELIZS,  apresenta a poesia presente na Zona Sul.

Filme: Quando Zumbi chegar : Edinho. 8´01´´ São Paulo : 2014- 2017. Produção: 5nOMundo. Entrevista com griot do Quilombo do Muquém.

LOCAL: ESPAÇO DE TEATRO CLARIÔ
11.09 - 14H
CAMINHADA LITERÁRIA: CARTOGRAFIA AFETIVA
Caminhada poética e musical com os poetas do Sarau do Binho, alunos de escolas públicas e comunidade fazendo um cortejo percussivo e poético, com paradas em pontos relevantes para o conhecimento das pessoas e lugares que fazem do Campo Limpo um território de produção literária e cultural.

PARTICIPAÇÃO DE GERALDO MAGELA E GRUPO CANDEARTE NO CORTEJO POÉTICO
LOCAL: RUAS DO CAMPO LIMPO
11/09 - 14H
OFICINA: A POÉTICA DESENHADA NOS CARTUNS E HQS - PAULO BATISTA
Histórias em quadrinhos, cartuns e ilustrações em diálogo com a literatura, em especial com a poesia. Essa é a proposta  da oficina com o cartunista e ilustrador Paulo Batista. Abordagens sobre o exercício de criação e desenho, as especificidades e possibilidades de comunicação dessas linguagens e as alternativas de exposição e publicação dos trabalhos.
LOCAL: SESC CAMPO LIMPO
11.09 - 19H
CONVERSA LITERÁRIA E EXIBIÇÃO DO FILME: PANORAMA - ARTE NA PERIFERIA - 52’ - 2007 - DIREÇÃO DE PEU PEREIRA
COM PEU PEREIRA, MARCOS PEZÃO, J. MAXACALUNGA (JOSIEL)
Sinopse do filme: O documentário “Panorama - Arte na Periferia”, gravado entre os anos de 2006 e 2007 e lançado em junho de 2007, retrata um momento histórico da produção artística da zona sul de SP. O filme aborda diversos artistas como Sérgio Vaz, Ferréz, Binho, Gal Martins, Euler Alves, dentre outros, e coletivos como o Sarau da Cooperifa,  Sarau do Binho, Samba da Vela, Bloco do Beco, para discutir o papel da arte, do artista e suas motivações.

Sinopse da Mesa:  Bate papo após a exibição com o diretor Peu Pereira, Marcos Pezão e J. Maxacalunga (Josiel), acerca dos avanços observados no movimento cultural dez anos após a realização do filme, como o movimento se desenvolveu e sua influência hoje nos territórios periféricos. Serão abordados o histórico das ações, os coletivos formados, bem como as linguagens e aspectos relevantes para a cultura contemporânea.

MEDIAÇÃO: DIANE PADIAL
INTERVENÇÃO POÉTICA:  SERGINHO POETA
LOCAL: SESC CAMPO LIMPO
12/09 - 10H
ENCONTRO COM O AUTOR – MICHEL YAKINI
É escritor e produtor cultural. Co-fundador do Sarau Elo da Corrente, que faz parte do movimento literário das periferias de SP. Publicou os livros "Desencontros" (contos, 2007), "Acorde um verso" (poesias, 2012), Crônicas de um Peladeiro (crônicas, 2014) e "Amanhã quero ser vento" (romance , 2018). Colunista da revista on-line Palavra Comum (Galícia - Espanha) e co-organizador da antologia bilíngue on-line "Letras e Becos - Literatura das Periferias de São Paulo".

O autor de  “Amanhã quero ser vento” e “Crônicas de um peladeiro” conversa com estudantes e professores da E. E. Francisco D´Amico sobre sua vivência como autor e organizador do Sarau Elo da Corrente.

INTERVENÇÃO MUSICAL: POTYRA DA PAZ
LOCAL: E. E. FRANCISCO D´AMICO
12.09 - 14H
CONVERSA LITERÁRIA: LITERATURA AFRICANA DE LÍNGUA PORTUGUESA - DAS HERANÇAS AOS PROCESSOS IDENTITÁRIOS DE RESISTÊNCIA
COM JOSÉ DE NICOLA, ERMI PANZO E SÓNIA SULTUANE
O escritor e professor José de Nicola conversa com os autores Ermi Panzo de Angola e Sónia Sultuane, de Moçambique, sobre a emergência, a identidade e temáticas singulares da literatura africana de língua portuguesa e seus autores, colaborando para sua difusão no Brasil.

MEDIAÇÃO: ÉRICA CRISTINA FERREIRA
INTERVENÇÃO POÉTICA: ERMI PANZO
LOCAL: BIBLIOTECA INFANTOJUVENIL MARCOS REY
12/09 - 14H
OFICINA DE COLAGENS - UBERÊ GUELÉ
A oficina propõe exercícios de criatividade com base na escrita e na colagem, costurando e encontrando convergências nas duas poéticas. Brincando com as diferentes cores, texturas e perspectivas das palavras e com a morfologia da colagem, os participantes serão estimulados a criar um trabalho visual. A vontade de traduzir diferentes sensações é o que cria a beleza na mistura das duas poéticas.

LOCAL: SESC CAMPO LIMPO
12.09 - 19H
LANÇAMENTO DO LIVRO INFANTIL  “ AMORAS” - DE EMICIDA, COM ILUSTRAÇÕES DE ALDO FABRINI -  ED. CIA DAS LETRINHAS
Na música "Amoras", Emicida canta: "Que a doçura das frutinhas sabor acalanto/ Fez a criança sozinha alcançar a conclusão/ Papai que bom, porque eu sou pretinha também". E é a partir desse rap que um dos artistas brasileiros mais influentes da atualidade cria seu primeiro livro infantil e mostra, através de seu texto e das ilustrações de Aldo Fabrini, a importância de nos reconhecermos no mundo e nos orgulharmos de quem somos desde criança e para sempre. "Um livro que rega as crianças com o olhar cristalino de quem sonha plantar primaveras para colher o fruto doce da humanidade" (Sergio Vaz).

LOCAL: SESC CAMPO LIMPO
12.09 - 19H30
EMICIDA CONVERSA COM KIUSAN OLIVEIRA- PRODUÇÃO LITERÁRIA PARA CRIANÇAS E IDENTIDADE AFRO-BRASILEIRA
15 anos após a Lei 10.635/03[1] , quais caminhos a literatura infantil e infantojuvenil têm aberto para que as matrizes africanas e afrobrasileiras sejam consideradas conteúdos culturais para a formação da identidade das crianças e jovens brasileiros? Quais desafios foram vencidos e quais ainda estão postos? Como esta produção literária e editorial pode dialogar com políticas públicas de fomento à leitura e com a formação de professores e mediadores de leitura?

MEDIAÇÃO: RODRIGO CASARIN
INTERVENÇÃO POÉTICA: JENNYFFER NASCIMENTO
LOCAL: SESC CAMPO LIMPO
13/09 - 10H
CONVERSA COM O AUTOR - POW LITERARUA
Paulo Nascimento de Oliveira (Pow Litera Rua) 44 anos é MC, percussionista e poeta. Faz diversas ações culturais na região da zona sul . É ativista do movimento hip hop há 25 anos e faz parte do Coletivo Sarau do Binho. Organizador do Coletivo Sarau Alternativo, lançou um CD independente em 2004 e seu primeiro livro de poesia “ Lokomotivamente” em 2017, na III Felizs, pelo Selo Sarau do Binho.

INTERVENÇÃO POÉTICA: FERNANDO RANGEL
LOCAL: EMEF PALIMERCIO DE REZENDE
13/09 -14H
OFICINA:  RITMO E POESIA - MC GASPAR
Abordará a história do Hip Hop, bem como seus quatro elementos - MCs, DJs, Break e Grafite. Gaspar vai ensinar como trabalhar com as palavras, buscando a criação de poesias, além de valorizar o rap, contemplando o ritmo e exercícios de rimas.

LOCAL: SESC CAMPO LIMPO
13/09 - 19H
LANÇAMENTO DO LIVRO- “SESC CAMPO LIMPO - O ESPAÇO DE CULTURA COMO CONVIVÊNCIA- DIÁLOGO E CONTRAPONTO À LÓGICA DA CIDADE”, DE PAULO CASALE E SHIRLEY TORRES PEREZ
Paulo Casale - Formado em Letras pela UNESP, com especialização em Gestão de Projetos FIA, e Financiamento e Economia da Cultura pela Université Paris Dauphine. Trabalha no SESC São Paulo desde 1992 e foi gerente na implantação do SESC Campo Limpo. Atualmente é gerente da Unidade 24 de Maio.

Shirlei Torres Perez - Doutora e Mestra em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. Bacharel em Teatro pela ECA-USP. Lato Sensu em Sociologia do Lazer pela Escola de Sociologia e Política de SP. Especialista em Administração e Administração da Cultura pela FGV-SP. Trabalha no SESC São Paulo desde 1997. Foi coordenadora de programação na inauguração do SESC Campo Limpo. Atualmente trabalha no SESC Pinheiros.

MEDIAÇÃO: BINHO (ROBINSON PADIAL)
INTERVENÇÃO POÉTICA: MARCO MIRANDA
LOCAL: SESC CAMPO LIMPO
14/09 - 14H
ENCONTRO COM O AUTOR - SERGINHO POETA
O poeta e professor Sérgio Mesiano (Serginho Poeta) autor de “Negro Poeta de Esquina” conversa com alunos da E.E. Francisco de Paula sobre suas inspirações e desafios ao escrever.

INTERVENÇÃO POÉTICA: AUGUSTO CERQUEIRA
LOCAL: E.E. FRANCISCO DE PAULA
14/09 -19H
CONVERSA LITERÁRIA: DESCOLONIZANDO TRAJETÓRIAS: MULHERES NEGRAS, DIÁSPORA E EMANCIPAÇÃO- DIVA GUIMARÃES, TATIANA NASCIMENTO DOS SANTOS E NAJARA LIMA COSTA
Essa conversa mostrará o olhar de mulheres negras de diferentes gerações sobre memórias ancestrais. Quais são os ecos, as semelhanças e os diálogos entre suas trajetórias individuais alimentadas por referências do movimento e das artes negras? O encontro pretende levantar a reflexão para que se pense sobre e se coloque em prática uma educação antirracista.

Filme: Aonde é o rolê? - Sarau das Pretas. 9´38´´.Direção:  Stephanie Catarino, 2016.

INTERVENÇÃO POÉTICA: THATA ALVES
LOCAL: SESC CAMPO LIMPO
15/09 -10H
OFICINA DE CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS - GISELDA PERÊ
A arte-educadora e mestranda (UNESP), Giselda Perê, provocará os participantes a exercitar e refletir sobre a oralidade como modo específico de comunicação e transmissão de conhecimento, recorrendo aos saberes ancestrais africanos.

LOCAL: EMEI CHÁCARA SONHO AZUL
15/09 - 17H
CONVERSA LITERÁRIA:  CINEMA E LITERATURA - NOVAS POSSIBILIDADES DE INSERÇÃO DA LINGUAGEM POÉTICA ATRAVÉS DO AUDIOVISUAL
CONVIDADOS: RENATO CÂNDIDO, LUIZA ROMÃO,  ADRIANA BARBOSA E BRUNO CASTANHO
Produtores audiovisuais que transpõem ou criam temas, personagens ou narrativas da literatura periférica comentam sobre seus trabalhos e os desafios de trabalhar com o cinema.

Filmes: “Dara – a primeira vez que fui ao céu”- (Renato Cândido), sobre conto de Elizandra Souza;  “Sangria” (Luiza Romão),  “Ferroada”( Adriana Barbosa e Bruno Castanho) , sobre o poeta Tico.

MEDIAÇÃO: FERNANDO SOLIDADE
POCKET SHOW: LUANA BAYÔ
INTERVENÇÃO POÉTICA: DANIEL MINCHONI
INTERVENÇÃO POÉTICA:  RENATO PALMARES
LOCAL: ESPAÇO CULTURAL “I LOVE LAJE”
17/09 - 10H
”QUEM CONTA SEUS MALES ESPANTA” -  CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS COM VIVIAN CATENACCI
Quem nunca disse ou ouviu um ditado popular? Nesta proposta artística, a roda de histórias foi inspirada nas frases e expressões tradicionais brasileiras, que remetem à sabedoria popular em diferentes situações da vida cotidiana e há tempos passam de boca em boca, de geração em geração. Os contos oriundos de diversos cantos do mundo são entremeados por cantigas de verso, para cantar junto e compartilhar uma preciosa coletânea de ditos populares, que compõem um repertório comum entre artista e público.

POCKET SHOW: BANDA SEVERINA E OS XIQUE-XIQUE
INTERVENÇÃO POÉTICA: OLIVEIRA
LOCAL: CIEJA CAMPO LIMPO
17/09 - 14H
CONVERSA LITERÁRIA: A LITERATURA COMO DIREITO
PALESTRANTES: BEL SANTOS MAYER- BRUNINHO SOUZA
Como podemos considerar o direito à literatura como direito humano, ao lado dos direitos individuais e sociais? A partir de sua experiência pessoal  como formadora da rede LiteraSampa e articuladora da Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias – RNBC  - Bel Santos Mayer destaca o significado e importância de ações de difusão da leitura e literatura para as populações periféricas. Bruno Souza, jovem gestor da Biblioteca Comunitária Caminhos da Leitura, de Parelheiros, conversa sobre os desafios e soluções construídas por essas iniciativas.

Filme: Número e Série. 14´52´´. Direção: Jéssica Queiroz, 2017. Baseado em conto de Rodrigo Ciríaco.

MEDIAÇÃO: CRIS LIMA
INTERVENÇÃO POÉTICA: ALINE ANAYA
LOCAL: CEU CAMPO LIMPO
17/09 - 19H
CONVERSA LITERÁRIA : MULHERES EM DIÁSPORA: XENOFOBIA, MIGRAÇÃO E A SUAS  LUTAS
COM SORAYA MISLEH E HORTENSE MBUYI
Esta conversa pretende traçar um panorama das diversas situações vivenciadas por imigrantes,  refugiados e suas lutas. Duas mulheres que aqui vivem,  uma Congolesa e uma Palestina,  fazem sua militância em torno dos direitos das mulheres, democracia e direitos humanos, focados no respeito aos imigrantes e refugiados. Haverá uma apresentação da Revista Feminista Amazonas produzida por Helena Silvestre sobre as questões feministas.

Filme: Maria. 12´. Direção: Vinícius Campos, 2018. Baseado em conto de Conceição Evaristo.

MEDIAÇÃO: HELENA SILVESTRE
INTERVENÇÃO POÉTICA: FABIANA TEIXEIRA
INTERVENÇÃO POÉTICA: ZILDA PAIVA
LOCAL: ESPAÇO UNIÃO AKASHA
18/09 - 14H
TED´S – LIVRO, POESIA E SUAS TRAJETÓRIAS DE AUTORES (DE ONDE VOCÊ VEM?)
COM RAÍSSA CORSO, DJALMA PEREIRA E ZÁ LACERDA
Poetas que surgiram no Sarau do Binho contam suas trajetórias de encontro com a produção literária.

Filme: Cimento Armado. 5´. Produção do coletivo ____ sob orientação de Peu Pereira, 2018.

INTERVENÇÃO POÉTICA: JOHNNY MUTCHO
POCKET SHOW: MARCELO LIMA
LOCAL: CASA DE CULTURA DO CAMPO LIMPO
18/09 - 19H30
CONVERSA LITERÁRIA: RELATO DE UMA VIDA - DESAFIOS DA EDUCAÇÃO E DO LETRAMENTO NO TERRITÓRIO ZONA SUL
PALESTRANTE:  EDA LUIZ
O território da Zona Sul é marcado pela participação das mulheres no trabalho, na educação, na produção e atuação cultural. Nesta mesa, Eda Luiz , diretora do CIEJA por vinte anos, homenageada na IV FELIZS,  conta a história de seu trabalho no Capão Redondo e suas impressões na área de educação.

Videopoesias: “Reticências”. Poesia de Zá Lacerda. Realização: Peu Pereira. 5´57. “Sonho do Cacique”. Poesia de Djalma Pereira. Realização: Rogério Pixote. 2´ P24´´. “Onde a tristeza não tem vez”. Poesia de Pedro Lucas Lima. Realização: JC Sena. 1´56´´.

MEDIAÇÃO: SOLANGE AMORIM
INTERVENÇÃO POÉTICA/ MUSICAL:  PAULA DA PAZ
LOCAL: SESC CAMPO LIMPO
19/09 -10H
TEATRO : AUTO DO NEGRINHO - A PARTIR DE 14 ANOS
COM CLEYDSON CATARINA, UBERÊ GUELÉ, SANDRO LIMA, RAFAEL FAZION
A história do menino escravizado maltratado por seu proprietário é recriada pelo autor Cleydson Catarina com elementos cenográficos e dramatúrgicos das festas populares do Brasil.

INTERVENÇÃO POÉTICA: PEDRO LUCAS
LOCAL: ESPAÇO CLARIÔ DE TEATRO
19/09 - 14H
OFICINA DE PRODUÇÃO – CRIAÇÃO DE TEXTOS POÉTICOS – MARIA VILANI
Maria Vilani, filósofa, professora, escritora e agitadora cultural do Grajaú promove oficina explorando o fazer poético.

INTERVENÇÃO POÉTICA: TULA PILAR
LOCAL: BIBLIOTECA INFANTOJUVENIL MARCOS REY– PISO SUPERIOR
19/09 - 14H
OFICINA DE MEDIAÇÃO DE LEITURA – MARA ESTEVES
A educadora Mara Esteves, gestora da Biblioteca Comunitária Djeanne Firmino, aborda a mediação de leitura como prática de aproximação e formação de leitores e seus recursos.

INTERVENÇÃO POÉTICA: TATI CANDEIA
LOCAL: BIBLIOTECA INFANTOJUVENIL MARCOS REY – PISO INFERIOR
19/09 -18H
AUDIOVISUAL E LITERATURA: FILME: PÉ NO TERREIRO - BABA MUXIALA E A ESTRADA DA MACUMBA (5´31) - PRODUÇÃO: CINEBECOS - 2018
PALESTRANTE MARCOS FERREIRA SANTOS
Conversa Literária:  Cultura, trajetórias e narrativas

O professor livre-docente da Faculdade de Educação da USP e pesquisador do imaginário, Marcos Ferreira Santos, conversa com Binho Padial sobre o caráter mestiço das trajetórias dos povos e suas convergências. Essa conversa dialoga com o tema da IV FELIZS que este ano levanta o questionamento “De onde você vem?” em todas suas atividades.

Audiovisual e Literatura: Filme: Pé no Terreiro - Baba Muxiala e a Estrada da Macumba (5´31)

Produção: Cinebecos - 2018

MEDIAÇÃO: BINHO (ROBINSON PADIAL)
INTERVENÇÃO POÉTICA: DJALMA PEREIRA
LOCAL: SESC CAMPO LIMPO
20/09 - 18H
SARAU POESIA DE TODO CANTO
APRESENTAÇÃO DE  BINHO PADIAL
Segunda edição dessa celebração festiva da cultura, do encontro de poetas de diferentes estados brasileiros e suas produções singulares. Os poetas convidados são figuras de referência locais que têm trabalhos relacionados a literatura. A atividade propõe este rico intercâmbio para demonstrar a diversidade da poesia.

CONVIDADOS DE SÃO PAULO:
Jesuana Prado- SP, Luan Luando-SP, Dugueto Shabazz-SP , Dinha-SP , Eveline Sin -SP, Márcio Batista -SP e Edgar Pererê-SP

CONVIDADOS DE OUTROS ESTADOS:
 Robert Guillot – Itabuna-BA, Eliseu Braga – Itacoã-RO,  Michelle Ferret -Natal-RN, Letícia Brito- Rio de Janeiro - RJ e Márcia Kambeba -Alto Solimões-AM

LOCAL: SESC CAMPO LIMPO
21/09 - 10H
CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS COM A CIA CHAVEIROEIRO
A Cia Chaveiroeiro convida o público para um encantador passeio pela diáspora das culturas africanas, apresentando contos de sabedoria, transmitidos de geração para geração milenarmente. Dialogando com a cultura afro-brasileira e tradição de vários países, dentre eles, Angola, Zimbábue, Gana e Nigéria. Amanda Ribeiro e Mafuane Oliveira utilizam o “Chaveiroeiro Mágico”, um instrumento especial que abre as portas das histórias, cantigas, instrumentos e brincadeiras tradicionais, inspirados por estas tradições.  Público: Livre – Atividade Intergeracional

LOCAL: BLOQUINHO DO BRINCAR
21/09 - 13H
CONVERSA LITERÁRIA  – DIVERGÊNCIA DE OPINIÃO OU QUEBRA DE PRINCÍPIOS? COMO (NÃO) NOS AFETAMOS?
PALESTRANTE MARIA RITA KEHL
Agressões, decisões que violam direitos básicos da pessoa e outras manifestações, especialmente via redes sociais, têm sido encaradas como "normais”. Como nos colocarmos na situação de empatia em relação ao outro quando essa atitude se opõe aos interesses do mercado ou aos totalitarismos políticos? Quais os efeitos sobre nós, comunidades humanas, especialmente as que vivem e trabalham nas periferias?

MEDIAÇÃO: BINHO (ROBINSON PADIAL)
POCKET SHOW: RENATO PESSOA
INTERVENÇÃO POÉTICA: NICOLY SOARES
LOCAL: AUDITÓRIO DA UNIVERSIDADE ANHANGUERA - CAMPO LIMPO.
PRAÇA DO CAMPO LIMPO
 22.09

PALCO PRINCIPAL
11H – ABERTURA – CORTEJO COM O GRUPO ARRASTA – LATA (PROJETO ARRASTÃO)
11H30 – TINKUS WAYNA LISOS – FRATERNIDADE BOLIVIANA DE MÚSICAS E DANÇAS TRADICIONAIS
12H30 – TRIBO SONORO
13H – CIRCO MAMULENGO DA FOLIA
13H30 – GUMBOOT DANCE BRASIL- YEBO
16H30– MARCELO JENECI- PARTICIPAÇÃO ESPECIAL CAMILA BRASIL E FERNANDA COIMBRA
17H30 – TRUPE LONA PRETA- CIRCO FUBANGUINHO
18H– RAPAZIADA DO  SAMBA DA VELA
19H – SARAU DA FELIZS
21H30 – CHICO CÉSAR
TENDA LITERÁRIA
12H30 ÀS 14H30
MOSTRA DE AUDIOVISUAL E LITERATURA. PROGRAMAÇÃO:
12H30 : IMAGENS DE UMA VIDA SIMPLES (DANIEL FAGUNDES). (34´38´´);
13H10 : DARA - A PRIMEIRA VEZ QUE FUI AO CÉU (RENATO CÂNDIDO), 18´;
13H30 : NARRADORES - BRASIL QUE NARRA. MUSEU DA PESSOA, 20´26
14H - MARIA (VINÍCIUS CAMPOS). 12
14H30– CONVERSA LITERÁRIA – O PROCESSO CRIATIVO DA ESCRITA E DA LEITURA – COM MARCELINO FREIRE, MILTON HATOUM, GEOVANI MARTINS.
Três gerações de escritores brasileiros se encontram - Milton Hatoum, Marcelino Freire e Geovani Martins conversam sobre o processo de criação literária e as múltiplas possibilidades das palavras, sejam elas escritas, lidas, performatizadas.

INTERVENÇÃO POÉTICA E MEDIAÇÃO: RAÍSSA PADIAL CORSO

MOSTRA DE AUDIOVISUAL E LITERATURA. PROGRAMAÇÃO:
16H45 : NÚMERO E SÉRIE(JÉSSICA QUEIROZ). 14´52.
17H : QUANDO ZUMBI CHEGAR: EDINHO. 5NOMUNDO.8´05´´.
17H15 : PÉ NO TERREIRO : BABA MUXIALA E A ESTRADA DA MACUMBA. PRODUÇÃO CINEBECOS (5´31´´).
17H 25: CIMENTO ARMADO (ANDRESSA MOTA). 5´.
17H30: FERROADA (ADRIANA BARBOSA E BRUNO CASTANHO). 25´.
18H : SANGRIA (LUIZA ROMÃO). 15´.
18H20 : TEAR & POESIA (JOSIEL MEDRADO CANTÃO)
OFICINAS
12H –XILOIDENTIDADE
Marlon Cruz – Tenda das Oficinas
12H30 – MEDIAÇÃO DE LEITURA
Praia Literária - Coletiva Achadouras de Histórias
13H30 – GRAFITE
Mariana Salomão - Tenda das Oficinas
13H30 – COMUNICAÇÃO COMUNITÁRIA
Escola de Notícias– Tenda da Comunicação
14H30 - SONZANDO
Luiz Vitor Maia – Tenda das Oficinas
INTERVENÇÕES
MÚSICA AO PÉ DO OUVIDO - FERNANDA COIMBRA
BICICLOTECA- ISABELA MOHANA
INTERVENÇÃO CIRCENSE– PERNA DE PAU E MALABARES- ANDRÉ SCHULLE
NÚMERO CIRCENSE - ACROBACIA
ESTÁTUA VIVA – DRUMMOND  - SERGINHO POETA
LEITURA SURPRESA- TATI CANDEIA
GRAFITE - CAROLZINHA TEIXEIRA- NAVE MÃE- BETO SILVA- THIAGO CALLE- CRIS ART
INTERVENÇÕES BRINCANTES COM AS CRIANÇAS – BRUNO COQUEIRO
HOMO POETICUS – MARCO MIRA MIRANDA
TEAR & POESIA – BORDADO
POETARÔ- JONAS WORCMAN
ESQUETE TEATRAL PARA ESCULTURA EX-LIBRIS – GRUPO MARIA FUZARCA
ITERVENÇÃO VISUAL PARA ESCULTURA EX-LIBRIS – AUGUSTO CERQUEIRA
INTERVENÇÃO URBANA: MARCO PIANTAN
EXPOSIÇÕES
RAQUEL TRINDADE - PINTURAS E ESCULTURAS
RUTH GUIMARÃES - CAFUÁ PRODUÇÕES
EXPEDICION  DONDE MIRAS - CAMINHADA CULTURAL PELA AMÉRICA LATINA
DECORAÇÃO ARTÍSTICA
DOLE - DEMETRIUS SORGON - MARINHO WINTER

FELIZS, Feira Literária da Zona Sul

A FELIZS, Feira Literária da Zona Sul, nasce de um desejo de reflexão sobre o movimento cultural ao longo dos últimos anos. É preciso aguçar o olhar e a percepção sobre todos esses processos. Isto é, sem dúvida, algo que nos instiga. Temos hoje um panorama pulsante de múltiplas linguagens que vem sendo, em parte, impulsionado pelos saraus nas periferias. Há uma multiplicação de iniciativas e estas reverberam cada dia mais nos mais variados espaços comunitários e culturais.

A Feira é uma tentativa de unir potenciais num único espaço e observar a grandiosidade de propostas que a periferia vem desenvolvendo. Queremos nos ver e fortalecer num processo de sinergia, potencializando as ações individuais conectadas ao processo coletivo. O fazer cotidiano é essencial, mas é saudável um respiro para reflexão: pensar sobre os caminhos, identificar nossa grandeza e nossas dificuldades. Há uma produção intensa que precisa ser divulgada, valorizada, e reconhecida: são estas as premissas iniciais para a criação deste evento.

Clique aqui para ver a programação completa da felizs


A feira foi idealizada pelo Sarau do Binho e, como diz o poeta : “Uma andorinha só não faz verão, mas pode acordar o bando todo.”

É tempo de acordar outras andorinhas, formar bandos e construir um universo cultural que permita cada vez mais o acesso e a difusão dos bens culturais!

Saiu a Programação da FELIZS, Feira Literária da Zona Sul

A FELIZS, Feira Literária da Zona Sul, nasce de um desejo de reflexão sobre o movimento cultural ao longo dos últimos anos. É preciso aguçar o olhar e a percepção sobre todos esses processos. Isto é, sem dúvida, algo que nos instiga. Temos hoje um panorama pulsante de múltiplas linguagens que vem sendo, em parte, impulsionado pelos saraus nas periferias. Há uma multiplicação de iniciativas e estas reverberam cada dia mais nos mais variados espaços comunitários e culturais.

A Feira é uma tentativa de unir potenciais num único espaço e observar a grandiosidade de propostas que a periferia vem desenvolvendo. Queremos nos ver e fortalecer num processo de sinergia, potencializando as ações individuais conectadas ao processo coletivo. O fazer cotidiano é essencial, mas é saudável um respiro para reflexão: pensar sobre os caminhos, identificar nossa grandeza e nossas dificuldades. Há uma produção intensa que precisa ser divulgada, valorizada, e reconhecida: são estas as premissas iniciais para a criação deste evento.

Clique aqui para ver a programação completa da felizs


A feira foi idealizada pelo Sarau do Binho e, como diz o poeta : “Uma andorinha só não faz verão, mas pode acordar o bando todo.”

É tempo de acordar outras andorinhas, formar bandos e construir um universo cultural que permita cada vez mais o acesso e a difusão dos bens culturais!

terça-feira, 4 de setembro de 2018

A Literatura está fora da escola

As primeiras leituras de uma criança não são feitas no âmbito escolar, isto é, sob o crivo da academia ou sob  sua tutela, mas a chancela da escola, quando esse pequeno Ser inicia a educação formal, mitiga o desejo do jovem, sobretudo periférico, de desenvolver-se como leitor das relações humanas, visto que a literatura lhe é apresentada como mero instrumento de prova, imediatista e nada crítico, tornando-se uma atividade enfadonha, penosa e punitiva, pois a única finalidade que os professores lhe confere é como resolução de testes objetivos, cujas respostas estão prontas e não dialogam com a realidade do indivíduo Pós-moderno: que está imerso na fragmentação estilística dos novos tempos e perdido pela torrente de informações que lhe chegam pelos ágeis dispositivos celulares, os quais aceleram a sensação de que a vida é efêmera. Por isso, mais do que nunca – ainda que não perceba –, vive pelos prazeres imediatos.

Embora seja estranho afirmar que a literatura esteja fora da escola, visto que esta parece que sempre teve os direitos legais sobre os cânones da escrita, seja nacional seja estrangeira (se bem que esta última se tornou mais abrangente – contemplando, também, a angolana e a moçambicana – nos últimos cinco ou seis anos), não há erro nesta declaração, haja vista o aluno que não se interessa pelo estudo formal dos textos literários, é o mesmo jovem que lê nas músicas que ouve, nas redes sociais pelas quais se relaciona com seus iguais e nos Best sellers que devora, histórias em que haja identificação com seu íntimo, isto é, interessam-lhe mais do que um Machado ou uma Clarice. Além disso, as aulas de “leitura” são relegadas apenas a uma única disciplina, Língua portuguesa. Isso é mais do que errado, já que qualquer escritor(a), desde os tempos mais remotos da escrita, escreveu para relacionar-se com o mundo, ora confrontando-o ora compartilhando dos seus mistérios, a leitura é muito mais do que livros, o professor sabe disso, porém o seu aluno ainda não percebeu; e não percebeu porque nega a Literatura da escola, porque ela representa uma instituição na qual ele, o aluno, não se reconhece, não se identifica nem se sente representado.

A propósito, vale mencionar um trecho do poema “Cabernet Sauvignon”, de Jenyffer Nascimento para ressaltar o quanto a literatura está fora dos muros da escola:


Um dia você vai me convidar pra jantar
Na sua casa nova,
À mesa eu, você e sua esposa.
Abriremos um Merlot argentino
Brindaremos aos novos tempos,
À família, à felicidade!

Será uma conversa animada,
De sorrisos sinceros.
E quando não estivermos mais sóbrios
Virão à tona as lembranças
De um passado vulcânico,
Entre militância, sexo e liberdade.

[...]

Talvez sua esposa não goste do enredo da conversa
Dos signos expostos nas entrelinhas
[...]

Então mudaremos de assunto
Discutindo um tema pelego qualquer,
[...]

Eu serei sensata,
Direi que está tarde, que preciso ir.
O casal gentilmente me conduzirá até a porta
Dizendo pra voltar outras vezes,
Numa despedida fria, tipicamente paulistana.

Entre tudo que eu poderia dizer
E não disse...
Prefiro Cabernet Sauvignon chileno.

[...]


Esse poema é resultado das vivências de uma mulher que enxerga e reconhece as periferias de São Paulo e, de quebrada em quebrada, rompe os paradigmas de violência e comoção relegados ao povo preto paulistano; e esses versos, por serem mais próximos da realidade dos alunos, rompem com os limites gráficos podendo, até, fazer verter lágrimas do leitor, com o qual se identifica e espelha (semelhante às leituras feitas pelos jovens novecentistas brasileiros com ânsia de uma vida mais livre e mais subjetiva a fim de aliviar suas angústias como filhos de uma nação que ainda se descobria assim – numa visão burguesa, claro, pois a comparação é estritamente literária). Haja vista os saraus estão repletos de poetas jovens, talentosos e perseverantes no versejar das suas angústias, sonhos, conquistas e, sobretudo, suas rotinas. São esses mesmos jovens que refletem o fracasso da escola, embora nos Slams e demais batalhas de rimas demonstrem consciência e destreza por meio de versos ritmados, líricos, híbridos, por meio dos quais compartilham da visão de mundo que a escola, limitada, não compreende. Esse entrave enfraquece a literatura por pura falta de diálogo entre os envolvidos.

Todavia o primeiro cuidado ao se trabalhar com um texto legitimamente marginal (periférico) como o de Jenyffer Nascimento na escola é o de não esquadrinhá-lo, situando-o na pós-modernidade ou em qualquer outra época literária, pois afasta o aluno da necessária análise das relações sociais com as quais ele poderá se identificar; e que são tratadas de modo tão leve pela autora. Ademais, esse poema suscita questionar: o quão o meio social influencia a obra de arte?

A essa pergunta, Antonio Cândido dá a seguinte resposta:

Digamos que ela deve ser imediatamente completada por outra: qual a influência exercida pela obra de arte sobre o meio?

Dito de outra forma, ao se debruçar sobre textos de autores periféricos  cabe refletir sobre até que ponto a arte é uma forma de expressão da sociedade. Ademais, se a sociedade não se perceber como constituinte do escopo literário em análise, visto que as aulas de literatura unicamente descrevem (de modo unilateral) os elementos formais constituintes do texto para classificá-lo, a literatura só ficará mais afastada dos bancos escolares.

Por outro lado, os professores, no ensino médio – por exemplo –, julgam que seus alunos já sejam iniciados na leitura literária, e deveriam, desconsiderando o fato de que esses jovens não leem mais de meia página de um texto o qual, geralmente, é um fragmento usado para contextualizar exercícios de interpretação textual ou análise sintática. Até mesmo o estudo da poesia fica comprometido nesse cenário, pois a falta de prática na leitura torna o aluno incapaz de assimilar metáforas simples (as complexas são totalmente ignoradas). Esse pode ser o pensamento de um professor médio do ensino público brasileiro acreditando que o aluno deva se interessar pela leitura dos clássicos simplesmente porque estes são exigidos pelos concursos nacionais, sobretudo nos vestibulares das universidades mais concorridas do país.

Nos versos do poema “Juventude negra”, Akins Kintê passa a visão de como comungar a poesia é importante para o fortalecimento do ser e de tudo o que está a sua volta, e o que está à volta não está dentro da escola, não se apreende sentado num espaço que não lhe cabe. No entanto, esse poeta não chama o jovem a pegar em armas, tão pouco a militar, mas a libertar-se dos grilhões maquiados nas políticas que não lhe representam:

[...]
Juventude negra de atitude
estudando, é ficar ligeiro com a rota
que nos quer faz uma cota
depois é ir pra briga, lutar pela liberdade
o que fizemos por Serra da Barriga
o dobro façamos por nossa comunidade

Se não rola, relaxa marcha e siga
façamos de nosso coração
um quilombo uma nação
uma Serra da Barriga

Vale destacar que Kintê sugere a luta e aconselha o jovem para se libertar, mas sem que este tenha a obrigação de sacrificar-se por alguém a não ser por si próprio, visto que o sentimento de pertencimento é de dentro para fora, nunca o contrário. Isso a escola ainda não percebeu, por isso sofre com os números do Saeb, por exemplo, quando escancaram os parcos resultados dos alunos nos anos finais do ensino regular.

Por fim, Akins Kintê, Jenyffer Nascimento e tantos outros autores periféricos representam a literatura que está fora da escola, não por não ter suas poéticas estudadas e seladas pela Academia, mas por serem exemplos de que o trabalho da escola na formação do leitor literário não tem sido satisfatório, porque a juventude constantemente tem se mostrado resistente às aulas na mesma proporção que tem estado mais inclinada à arte fora delas.

sábado, 1 de setembro de 2018

Verso em Versos Sesc 24 de maio - 2018

Missão cumprida no Sesc 24 de Maio
Gratidão e Simplicidade
#VersoEmversos
#AntologiaVersoEmVersos 
#sesc24maio 
#estéticasdasperiferias2018

Transformação com Luana Hansen Figueiredo

+ Como a poesia surgiu na sua vida? 
No meu caso através da música me apaixonei rápido pelas métricas e a facilidade de relatar fatos com a rima

+ Como você era antes da poesia?
Era sempre exata sempre racional a poesia me trouxa a capacidade de sonhar

+ Quem você é depois dela?
Sou uma artista independente que canta o que ama e acredita



POESIA

Ventre Livre de Fato

Nasceu, mais um fruto do acaso
E o mané que não quer nada o sobrenome é descaso
Uma gravidez indesejada mesmo com prevenção
Não importa sua crença ou religião

E imagina de uma forma perigosa e clandestina
Como é que vai fazer para mudar a sua sina
Um direito que em vários "país" já é estabelecido
No brasil quase sempre passa despercebido

Hipocrisia, pra desconhecido é punição
Mas se for da família é só tratar com discrição
Morre negra, morre jovem, morre gente da favela
Morre o povo que é carente e que não passa na novela

28 De setembro não é só mais um
É dia de luta não é um dia comum
Direito imediato,revolução de fato
Protesto na batida,ventre livre de fato

"Lutar pela legalização do aborto, é lutar pela saúde da mulher"

1 Milhão de abortos no brasil, por ano
Vai dizer que não sabia, vai dizer que é engano
A cada 7 mulheres, 1 já fez aborto
Isso é estatística não é papo de louco

Inseguro, feito de uma forma clandestina
Acorda brasil o nome disso é chacina

Hipocrisia, pra desconhecido é punição
Mas se for da família é só tratar com discrição
Morre negra, morre jovem, morre gente da favela
Morre o povo que é carente e que não passa na novela

28 De setembro não é só mais um
É dia de luta não é um dia comum
Direito imediato,revolução de fato
Protesto na batida,ventre livre de fato

Direito imediato,revolução de fato
Protesto na batida,ventre livre de fato

"Lutar pela legalização do aborto, é lutar pela saúde da mulher"

"Direito ao próprio corpo, legalizar o aborto"

sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Transformação com Augusto Cerqueira

+ Como a poesia surgiu na sua vida?
A poesia surgiu em minha vida através da minha irmã alania, que me introduziu nos caminhos da literatura.
desde sete anos fazia quadrinhas e cordéis, mas os escritos ficavam restritos à familiares e amigos. foi em 2000 que, também levado pela minha irmã alania, conheci o sarau da cooperifa e aí pude aperfeiçoar e levar meus escritos para um público maior.

+ Como você era antes da poesia?
Antes de conhecer o sarau da cooperifa, eu era um rapaz sem muitos questionamentos sobre minha posição no 'status quo'. acordava cedo, ia ao trabalho, estudava a noite e ficava contente quando recebia o parco salário que durava, em média, 3 dias e seguia o mesmo ciclo até o fim do mês, esperando ser remunerado pelos perrengues diários.

+ Quem você é depois dela?
Hoje trabalho com poesia.  ganho menos dinheiro do que ganharia trabalhando em uma empresa, mas tenho a consciência que ganho mais qualidade de vida, apresentando a poesia para jovens da minha região e convivendo com pessoas que buscam a transformação dos comportamentos sociais, afim de termos uma geração mais igualitária e consciente das verdadeiras razões que fazem o periférico seguir no caminho da servidão e da ignorância de seus direitos

Transformação com Bruna Magno

+ Como a poesia surgiu na sua vida?
Acho que a poesia sempre esteve presente, mas de um jeito mais concreto surgiu através do Sarau da Ademar, principalmente pela influência e admiração pela Sil (Silvana Martins).

+ Como você era antes da poesia?
Eu acho que tinha muitos medos e incertezas e uma preocupação em não chamar atenção.

+ Quem você é depois dela?
 Ainda tenho muitos medos e incertezas, mas hoje os transcrevo em poesia. Cada vez mais tenho me preocupado em me abraçar completamente com todos meus jeitos, em me aceitar. Tenho sido uma pessoa muito feliz, no geral, junto de diversas pessoas maravilhosas que tive o prazer de conhecer através da poesia.

POESIA

Me afogar

Me afogar em você mesmo sabendo nadar
Espia que a minha chuva transborda bem mais do que o mar
Tranquila pra me perder nos seus braços lençóis
Vontade de molhar com a palavra nós
Esquecer da bebida vazia
Da conta do bar
E ter só a sua boca pra me salgar
É a sua ressaca que bate em mim
Todo esse gozo de perigo que não tem fim
Sopra o medo dos meus desejos do seu corpo água
Que me leva ao extremo
Brincando de me conhecer por dentro
Maldizendo do meu jeito de ter água nos olhos toda vez que vai embora
É a hora, é o tempo
E eu só te peço: me afoga

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Crônica de quinta: Acabou a luz

Acabou a luz! Esta é a constatação geral quando o breu toma conta do horário nobre da vida paulistana e enquanto meus filhos contemplam a TV inoperante 


Eu aparo as vacilantes águas que inconvenientemente invadem a casa pelas frestas abertas no laranja dos blocos pobremente assentados e negligentemente sem reboco.

Acabados os baldes, utensílios da cozinha, como um vasilhame que outrora comportou o sorvete napolitano tão apreciado pela família, aparavam a água. Vez ou outra eu, em grande torcida, manuseava os interruptores na esperança de prontamente a luz voltar, debalde.

Frustrado eu mandava as crianças desconectarem a televisão da tomada. "Mas como saberemos que a luz voltou?" Indignadas retrucavam.

Realmente, a luz naquele momento era mais importante do que a água que invadia os cômodos. Curiosamente o único que não tem goteiras seria o que talvez ninguém se importasse se tivesse, o banheiro. Mas nós estávamos acostumados, pois não era o primeiro verão que passávamos assim. Diferente dos recém-chegados moradores do barraco ao lado que se desesperavam ao levantar os móveis para protegê-los das implacáveis águas.

"A luz voltou! Graças a Deus!" em uníssono os moradores do assentamento do Arariba vibraram.

E volta rádio, e volta a rede social, e volta a televisão para todos saberem dos acontecimentos e abafarem o tilintar das goteiras.

terça-feira, 28 de agosto de 2018

A “Quebrada” é um espaço para o exercício da tolerância religiosa

Embora seja negado pelas camadas mais conservadoras da sociedade, a periferia é o espaço mais plural e tolerante das cidades. A razão para isso não é o convívio amigável entre os “direrentes”, mas o compartilhamento forçado dos espaços públicos por àqueles que, sem opção, ocupam os loteamentos precários nos extremos das metrópoles brasileiras.


Em São Paulo, por exemplo, desde meados dos anos 1970 os operários do país têm se aglomerado nas construções rudimentares sem reboco nem asfalto; sem saneamento básico ou eletricidade, afim de alimentar seus sonhos e filhos. No entanto, esse Brasil permaneceu por muito tempo à margem das pautas públicas de fomento à cultura, educação e lazer, isto é, políticas favoráveis ao pleno desenvolvimento do indivíduo e do cidadão, ainda que na “quebrada”. Por isso que a Periferia teve de encontrar formas de autopromover-se para sair do paradigma de abandono e exclusão no qual estava inserida desde a sua fundação. Então as igrejas evangélicas e os terreiros se tornaram verdadeiros espaços de discussão política e social, além de organização cidadã, já que ninguém mais se propôs a dialogar sobre esses assuntos tão fundamentais para a inserção do pobre na gestão da cidade.
Além dos espaços para cultos religiosos, os bares também possuem grande destaque na formação da periferia, porém merecem um artigo apenas sobre eles devido ao tamanho do seu alcance e importância no sustento e crescimento dos bairros periféricos da capital paulista.
O impacto positivo gerado na favela pela vontade de acomodar a todos favorece a integração entre pessoas cujas crenças são diversas. Assim,  seja tirando terra para aplainar o terreno seja batendo a laje que protegerá os sonhos da casa conquistada a duras penas, os indivíduos se organizam solidariamente, da porta para fora e da porta para dentro. A recompensa é o sorriso, o churrasco na laje, o amigo, a família que passa a ter um CEP (tão importante para viver com dignidade em São Paulo). A Periferia tem dessas coisas...

Por outro lado, recentemente houve certa desconexão da periferia consigo mesma desde a ascensão da tal “nova classe média” sem consciência de classe ou de lugar de fala ataca as minorias sociais às quais não se percebe pertencente, como tem atacado os terreiros dos povos originais e as religiões de matriz africana ( seus cultos, trajes e cabelos, ou seja, sua cultura). Isso talvez seja o efeito do baile que a favela tem levado da política especulatória dos noticiários inflamados que exaure as energias do brasileiro periférico.

No entanto, a produção de articuladores culturais da periferia tem resgatado a coletividade inata do ser humano por meio de ações que promovem uma reconexão com os diferentes agentes que compõem a “quebrada” paulistana num processo de reconstrução da ancestralidade, inclusive, da própria periferia, a qual se consolidou como um espaço de crescimento solidário e positivo no enfrentamento da isenção do poder público e dos malefícios do crime.

Por essa razão que as favelas, hoje, representam um excelente lugar para se discutir e propor reflexão sobre tolerância religiosa, porque no comungar do espaço, das agruras e dos sonhos dos munícipes periféricos é que se encontra um lugar comum, mesmo que ainda haja um forte ressentimento da favela como lugar transitório, logo, pouco cuidado.

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Transformação com Sergio Vaz

+ Como a poesia surgiu na sua vida?
Sempre fui leitor, mas não gostava de poesia porque achava poesia uma linguagem difícil, mas através da música MPB descobri as metáforas e vi que poesia também era uma arma de defesa e ataque, ideológicamente falando. Descobri e agrças ao Hip Hop e ao livro Quarto de despejo de Carolina de Jesus poderia falar da nosa quebrada.

+ Como você era antes da poesia?
Sempre gostei de ler, influenciado pelo meu pai, mas como todo garoto de periferia queria ser jogador de futebol. Sempre fui ligado as artes, mas sempre como consumidor. Sou formado nos bailes de black music nos anos 70 e início dos anos 80. Bailinhos e tal.

+ Quem você é depois dela?
Como pessoa me sinto melhor, mas útil. Sou mais um tentando colocar o polegar na história através da poesia, da cultura. Como poeta sinto que minhas palavras ajudam a entender o mundo, e a mim também. Só isso.





POESIA

Sabotage (O Invasor)

Mauro
Era um negro de asas.
Um pássaro
Com os pés no chão.
Som de ébano
Com pele de couro,
O mouro fez ninho no Canão.
O passado,
Que o futuro queria
Escrito em carvão,
Deixou de ser pó
Pra ser pão,
Ao se viciar em poesia.
O poeta
De plumas negras
E voz de pedra
Cravou seu canto
Preto e branco
Nas vidraças
Do mundo colorido.
Filho banto
Em carne e carcaça
Serviu a taça
Com vidro moído
Aos traidores da raça.
Navegante
De mares insolentes
Sua bússola
Apontava sempre para a periferia.
A rima era o rumo
O remo da sina.
No ar,
Como fumaça de fumo
E vermelha retina,
Era frio
Era quente,
Mas nunca banho-maria.
Um dia
Num voo curto
Depois de uma longa metragem
Um disparo sem rosto
Uma bala sem gosto
Calou o personagem.
Diante disso
E sem nos esperar
Desfez o compromisso
Seguiu de viagem
E foi cantar em outro lugar...
Num bom lugar.

SERGIO VAZ

*do livro "Colecionador de pedras" Global Editora

sábado, 25 de agosto de 2018

Transformação com Jacquinha Nogueira

+ Como a poesia surgiu na sua vida?
A poesia sempre esteve presente na minha vida seja pela curiosidade em folhear ainda na infância os livros de minha mãe, ouvir as histórias de minha avó materna e dos mais velhos, pela viagem e apreciação com as palavras e letras de músicas ou pela forma subjetiva de falar de mim mesma para outros já que sempre me neguei a partilhar minhas angústias.  A poesia sempre esteve ali na minha fala e anunciava-se naturalmente em algumas conversas. Até o dia que por não partilhar minhas dores minha mãe disse escreve e depois rasga, mas eu nunca rasguei.

+ Como você era antes da poesia?
Eu era uma voz sufocada no peito, com muitos versos a fim de caminharem por aí. Eu era uma fuga de mim mesma e dos meus olhares sobre o mundo, pessoas e sentimentos. Eu era o que me negava ser, até que me rendi aos versos superando a dor e a timidez de escrevê-los e me permitindo conhecer o lado encantador, árduo, trabalhoso, mas indescritível , saboroso e libertador que é escrever, torna-se poesia.

+ Quem você é depois dela?
 Há um micropoema meu que traduz exatamente esse sentimento. Do verso ela fez seu grito mais forte e a parte mais bonita de si. A poesia hoje é tudo  em dia na minha vida. É ela que vêm regendo meu mundo, meus dias e caminhos desde 2014. Não há um passo que eu dê sem a magnifica presença de respira-la na minha vida, me descobrir uma mulher inteira, liberta e mais forte sem perder a delicadeza no grito dos versos. Hoje sou a professora-poeta, a organizadora de um sarau na minha cidade e de intervenções em sala de aula com saraus e uma das vozes que vêm ecoando fortemente pelo recôncavo baiano e convocando ao voo várias outras mulheres. Hoje eu sou o melhor de mim graças à poesia.



POESIA

Crespo
Nada de bombril!
Meu cabelo não é esponja de aço
É crespo, moço!!!
É crespo, moça !!!
Não custa falar
Aprenda a nomear, a respeitar
A minha diferença da sua
Os meus cachinhos miudinhos, enroladinhos
da raiz as pontas
Crescendo pro alto, volumoso e hidratado
Enquanto você fica aí o julgando de ressecado,
Apelidando de duro e descendo o esculacho
No jato d’água ela escorre e deixa meus cachinhos mais amostrados
Quando seca ele é pura beleza no estilo armado
Olhando no espelho, moço
Olhando no espelho, moça
Meu black reflete minha identidade
Mulher naturalmente bela
sem a necessidade constante
de uma maquiagem.   
    (Jacquinha Nogueira)

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Sarau Verso em versos

Sarau do Verso em versos
Quando: 3 em 3 meses
Quanto: entrada é gratuita
Onde: Agencia Solano Trindade - Rua Batista Crespo 105 - Vila Pirajussara
Ponto de referência Terminal Campo Limpo

Transformação com Michele Santos

+ Como a poesia surgiu na sua vida?
Com olhar o mundo por um filtro que eu tinha desde muito pequena, mas que depois materializou-se em palavra.

+ Como você era antes da poesia?
Posso dizer depois de assumir que faço poesia...porque elas já existiam antes que o mundo soubesse que eu as cometia: era a mesma, mais nova e sem a alcunha de poeta.

+ Quem você é depois dela?
Agora é que são elas: posso dizer de um “antes e depois da poesia” em falando da cena dos saraus, dos livros independentes, dos slams, de conviver com outros poetas contemporâneos, quando a palavra tornou-se ação e movimento – e é aí que a coisa muda de figura. Estar nesse rolê legitimou minha escrita, que considerava antes meros devaneios, me fez desenvolver um trabalho paralelo do qual me orgulho e para o qual me dedico, e me proveu de coragem para escrever como ofício, essa paixão maior. Sem a qual me desconheço: sou toda palavra.

 


POESIA


ALVENARIA 

A mulher forte 
tem colunas construídas com vigas 
de ovário. tem os dedos em pregos 
o intestino azedo a cara fechada 
a racha aberta 

em se aprofundando em 
ela. vai encontrar os pavimentos 
em ruínas. a coluna em frangalhos
um choro ruindo sobre seus tijolos 
de teta e anca. esses fundamentos 
frágeis por sobre a imagem 

[da mulher forte 

e a mulher chora doída 
sua força cansada 
de parecer.

Michele Santos

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Transformação com Dona Eliane

Como a poesia  surgiu na minha vida?
Sempre gostei de escrever mais com o sofrimento de ter meu filho preso Inocentemente fiquei revoltada e a mente começou a flori sobre acontecimentos triste em minha vida

Como você era antes da poesia. ?
Calada reservada so observava tinha receio de alguns lugares tipo Sarau

Quem você é depois da poesia?
Precisava falar gritar expressar o que sentia e conheci o Sarau Verso em versos um lugar maravilhoso cheio de vida.  Conheci meu outro lado da Felicidade que é poder falar e fazer poesia



POESIA

Tudo molhando
Nossa, quando penso em você
Minha vagina se abre
Sinto tudo molhando
Um tesão chegando
Algo tão gostoso
Que hoje vou te mostrar
Como fazer uma vagina molhar
Os peitos vou pegar
Nos bicos, os dedos deslizar
Começo a imaginar
O corpo movimentar
A mãos na vagina começo
A passar
O dedo a roçar
Começo a penetrar
Ele mexe sem parar
Olha aqui, vem ver
Tô começando a
Gozar

Eliane Souza

Mais poesias de Dona Eliane CLIQUE AQUI

Transformação com Melvin Santhana

Como a poesia surgiu na sua vida?
A poesia surgiu em minha vida no período escolar (ensino médio);

Como você era antes da poesia?
Incentivado pelos meus familiares sempre tive uma boa relação com as diversas formas de narrativa, entretanto, na atividade como compositor, a poesia passou a fazer sentido na minha construção contextual artística;

Quem você é depois dela?
Um ser artístico/político/lúdico.

POESIA

Nascimento 
"A escravidão virou inservidão salarial
Da saudade chão, brotou um banzo'' transcontinental"

Nasce mais 1, nascem 2, nascem 3
nasce em todo lugar, nasce um príncipe, um rei
nasce o escravo da lei
nasce a mãe, nasce a filha de quem não nasceu pra chorar
nasce o pai
nasce o filho de santo gerado num ventre livre
que descansa e desperta quando nasce o sol
nasce o espirito santo pra salvar nossa pele
nasce a chaga da plebe, é mais um no futebol
pra tentar, prosseguir, despontar, se iludir
nem sonhar, desistir nem pensar
Refrão
Nascimento e dor, o grito chama a alma
pra realidade crua desse corpo nu
é muito louco, é mó sufoco
viver um dia após o outro nesse mundo cão
É difícil pra gente que se divide
de viver num país que a gente nunca foi livre
quando o livro da gente não vai pra escola
uma história recente, que a minha alma ainda chora
me ignora, eu sei que me ignora
a memória da gente vai se encontrar outra hora
é no espelho, é na roupa, é no seu neto, senhora
Na feijoada da quarta ao cafezinho na mesa
o caldo de cana gelado com pastel da feira
é na batida pulsante, do rock, do funk
no samba do chico, no tom do João
eu quero que você cante pra mim
dance pra mim
veja o pandeiro imaginário rodando
é assim que a gente se sente é o preto
é o ausente, é a ausência de cor
é o preto na carne, é a dor
Refrão
Nascimento e dor, o grito chama a alma
pra realidade crua desse corpo nu
é muito louco, é mo sufoco
viver um dia após o outro nesse mundo cão

"Ao olhar do tira e a dama que admira, to na mira sempre
como é curioso"
Bastardos inglórios, o cheiro de terra, menores na frente e
atrás um monte de velas
pretas e pretos nas telas, bicas e becos, favelas
que nascem nas pistas e morrem nos fundos das celas

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Transformação com Jairo Periafricania

+ Como a poesia surgiu na sua vida?
A poesia surgiu em minha vida quando a muito tempo atrás o Binho me chamou pra um sarau que ele organizava ali no bar dele ao lado da antiga Uniban. Eu não tinha o hábito da escrita nem da leitura até então.
Fiz uma poesia do Sergio Vaz que aliás tbm não o conhecia. Ganhei uma camiseta de presente de um amigo Ronaldo o nome dele que tinha um poema do Sergio Vaz, recitei e dei os créditos ao autor e pra minha surpresa o Sergio estava lá e a partir daí ouvindo os poetas com seus poemas autorais despertou o interesse em compor tbm... nesse mesmo dia fui convidado pra conhecer o sarau da Cooperifa e não sai mais e escrevo desde então.

+ Como você era antes da poesia?
Antes da poesia eu levava a vida de uma forma totalmente diferente de hoje com certeza.
Taxista de ofício eu sempre ali no meu dia a dia nas idas e vindas, conversando com os amigos sobre política, futebol, trabalho, etc... com todo respeito eu era totalmente alienado, até porque não lia e só enxergava a um palmo de distância, eu não tinha noção de nada... ouvindo os poetas fiquei interessado em personagens que votavam em seus textos e fui pesquisar, conversar... hoje olhando antes da poesia da literatura eu vejo o quanto estava moscando, é tipo como se eu vivesse antes do fogo e depois do fogo... virada drástica.
Hoje qiestiono tudo, antes vinha tudo pronto e eu meio que aceitava...

+ Quem você é depois dela
Depois disso eu estou sempre procurando descobrir, questionando tudo, meus bates papos mudaram, já não abraço certas idéias que vem de todos os lados, de políticos, da imprensa escrita, televisiva, nas redes sociais etc.
Tenho sede por respostas até porque tenho muitas perguntas.
Mano mudou tudo, da água pro vinho é muito louco tudo isso, até acho que por conta dessa mudança minha postura mudou, essas coisas trazem mais responsabilidades, revolta, inquietude, quando você adquire certo discernimento sobre certas situações muda tudo.
Pra finalizar aqui vou reproduzir uma frase, um pensamento que ouvi do Sergio Vaz que aliás disse até de quem é esse pensamento mas não me lembro o nome do autor, é mais ou menos assim:
"NÃO QUERO ACREDITAR SÓ QUERO SABER"

Poesia 

UM POEMA

Insônia loucura um delírio só meu
Insana a caneta desliza... Eu,
TE OFEREÇO UM POEMA...
TE OFEREÇO UM POEMA...

Um poema,
Rasga carne sangra dor brinda vida
cura amor
Tá na multidão que o rap arrasto
Na voz no furor que Racionais canto
Nas paginas dum livro que o poeta eternizo

Nas negras raízes no conto do grio
No canto sagrado que uma tribo entoo
É canta a liberdade pra quem tá confinado
No povo unido caminhando lado a lado

No raro d'javu loucura insensatez
Onde os forte sobrevive os fraco não tem vez
É o ser ou não ser... eis a questão
É respeitar a opção da irmã do irmão

Do jeito que quise bem me que mal me que
No drible na ginga no grito de olé
É pai filho pro espírito é santo
Nos muros becos em todos os cantos

No sorriso no pranto no trago no gole
Na dor no peso da ressaca do porre
Na escrita perdida num velho pergaminho
E agora José? São as pedras no caminho.

Insônia loucura um delírio só meu
Insana a caneta desliza... Eu,
TE OFEREÇO UM POEMA...
TE OFEREÇO UM POEMA

Na imensa solidão daquele na sargeta
Naquele rascunho esquecido na gaveta
Nas entrelinhas no subliminar
Nas metáforas que a vida não cansa de ensinar

No mistério da morte no enigma de marte
Num beijo roubado imitando a arte
Na frase sem crase no verso sem métrica
É Usa abusa da licença poética

Nóis fomo, nois vai, eu vi ela tanto faiz
Sem menos nem mais somos todos iguais
Na prosa a rima na trova o verso
Do nosso jeito simples complexo

Erudito popular entre o bem e o mal
La pra academia é um ser imortal
Aqui a poesia desfila no sarau
Cortejada por amantes etc e tal

Moro na moral é isso memo o papo é reto
Num mundo a parte é o nosso dialeto
A palavra escrita na canção que embala
Hey norma culta, se não entende!
Pisiu! Se cala.

Insônia loucura um delírio só meu
Insana a caneta desliza... Eu,
TE OFEREÇO UM POEMA
TE OFEREÇO UM POEMA

Jairo Periafricania