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Transformação

Transformação
Entrevista com poetas
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domingo, 19 de agosto de 2018

Transformação com Tiago Luiz

Como a poesia chegou na sua vida?

Faço poesia desde meus dezoito anos, ou seja, a dezessete anos. Comecei quando conheci a posse Zumbi dos Palmares em 2002, lá na cidade que nasci em Juiz de Fora, Minas Gerais. Meus primeiros versos foram nas escritas que fiz como Mc, cantando rap e de lá para cá nunca mais parei.

Como você era antes da poesia? 

Antes da poesia, eu não fazia uma reflexão mais apurada dos fatos como hoje. A poesia me trouxe uma visão mais sensível e crítica da realidade por onde trânsito.

Quem é você depois da poesia?

Sou uma pessoa mais sensível, que vê em tudo motivo para escrever, registrar, mostrar o mundo nessa ótica. Não me vejo hoje mais sem viver o universo da poesia, ela me transformou num ser humano pleno, que observa a vida com um olhar além, que sente em tudo poesia.


Contra Redução

Os meninos são função.
Os meninos são fundão.
Para os meninos falta;
Saúde, escola, falta o pão.

Para muitos são bandidos.
Os sonhos dos meninos?
Um caderno, um castelo,
Um abraço um coração..

Cheio de amor, cheio de
compreensão, os meninos
São disposição, mas pros
Meninos  o que sobra é..

A camisa 10, titular na
Lojinha da biqueira...
Antes brincavam de
 Estilingue vulgo atiradeira.

Hoje os meninos são
Contadores, não de histórias.
Contam cifras, num sistema;
Neo liberalista, que explicita.

A vida dos meninos,
Como se fossem terroristas.
Mas o terror é ver jovens,
Virando estatísticas numa
Sociedade que insiste colocar...

Neles a culpa, 500 anos
 Passaram, antes os meninos
Eram filhos dos quilombos.
Hoje são crias dos escombros.

Aprendem a caminhar,
Aprendem a atirar mas
Para os meninos aprender
A amar é um contravenção.

Como já disse o poeta
Coração de vagabundo,
Bate na sola do pé os
Meninos aprenderam..

A dar o Pelé, no capitão!
Não o do Mato, sim o da
Rota que ganha medalha,
De honra quando mata...

O menino numa quebrada
qualquer e bate no peito
Dizendo; mais um
Vagabundo, esse foi morar...

No inferno, mas você já
Se perguntou e os de
Gravata e terno? Merecem
Morar aonde? Se os meninos

São realmente o problema,
Cite pra mim pelo menos
Um envolvido em esquema.
De propina ou do mensalão.

Acorda sangue bom, a corda
Tá no pescoço e  os meninos
Roendo o osso na escuridão,
De um calabouço, sombrio.

No brilho da caneta de ouro,
Do político engravatado, vejo
Vários meninos encarcerados.
E você aí apontado o dedo errado.

Se a redução da maioridade,
Penal resolvesse o problema.
Para político, corrupto e safado,
Uma arena de leões famintos..

Daqueles bem bolados, jogaria
Um por um, para sentirem na pele
O que é viver encarcerado vítima
De uma nação de alienados...

Que fecham os olhos para os
Verdadeiros problemas e
 Passam pano para os verdadeiros
 safados.

sábado, 18 de agosto de 2018

Transformação com Tula Pilar

+ Como a poesia surgiu na sua vida?
Surgiu em um sarau que era do lado de casa em Taboão da Serra. Sempre passava e ficava ouvindo os poetas até  que convidaram a mim e minha filha . mais velha para levar um texto. Nunca mais parei de escrever.

+ Como você era antes da poesia?
Eu era empregada  doméstica, diarista e passadeira de roupas.

+ Quem você é depois dela?
Quem sou hoje, escritora da periferia de São Paulo colaborando com outras mulheres invisibilizadas. Levo a arte e a poesia para nos transformar e nos libertar de muitos rótulos e preconceitos...




POESIA 

Poesia dos pés
Ah, não  terminei... Quem sou hoje, escritora da periferia de São Paulo colaborando com outras mulheres invisibilizadas. Levo a arte e a poesia para nos transformar e nos libertar de muitos rótulos e preconceitos...

Caminho pela cidade
Caminho pelo mundo
Buscando meus desejos
Estive aqui
Estive lá
Estou junto de mim
Volto na infância
Onde os pés libertaram-me
Pelos campos de terra vermelha de Minas Gerais
Corri para brincar de pique-esconde
Pular corda, amarelinha
- Joga bola!
- Olha a pipa no céu junto com arco-íris
- Choveu!
A água da chuva na enxurrada
Nossa roupa cheia de barro
- Xiiii! A mãe vai bater na gente
- Vamos lavar na cachoeira
- Não! Lava em uma lagoa!
- Na água do rio
- Bate os pés! Lava rápido senão afunda!
- Está de noite
- Vamos para casa
- A mãe via chegar!
- Tia, ascende a lamparina
- Machucou o pé de novo, menina!
Pés com eternas marcas de infância
Dormem para descansar
Acordam cedo para trabalhar
Caminham para o centro da cidade
Os pés me levam para onde quero ir…
Para onde posso sonhar!