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Transformação

Transformação
Entrevista com poetas

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Transformação com Márcio Ricardo

Como a poesia surgiu na sua vida?
A poesia surgiu com as rimas, eu não tinha amigos aos 6 anos, e daí aprendi rimar antes de aprender ler e escrever. Quando eu entrei na escola e aprendi ler e escrever comecei a conhecer melhor o som e tom das palavras e enriqueci o meu vocabulário. Quando eu tinha algum problema eu não conseguia desabafar com ninguém, nem na escola e nem em casa. E um dia vi um livro de poesias e vi que nas estrofes tinham os versos e os versos contia rimas. Daí eu trocava ideia comigo mesmo, a primeira estrofe rimando eu falava sobre os meus problemas, a segunda eu fingia que era alguém de fora e tentava resolver os meus problemas, e por aí vai. A poesia desde criança para mim é como se fosse um corte, não rasga a pele, mas você precisa ver como fica a nossa alma quando colocamos para fora todas as coisas boas e ruins que sentimos.

Quase fui jogador de futebol, e por necessidade tive que parar de estudar aos quinze para chegar no horário correto no clube que eu jogava, machuquei o meu joelho e o clube não quis pagar a minha cirurgia, dai tentei voltar a estudar, mas não consegui vaga em nenhuma escola do Grajaú. Só voltei a estudar com 21 anos, fazendo o EJA, a suplência. Lá, uma vez fui zoado por estar escrevendo poesias, daí levantei e falei uma poesia para todos, uns gostaram outros não, mas o importante foi o respeito. Conheci a que é hoje minha madrinha na arte, Maria Vilani, e ela me apresentou o centro de Arte e Promoção Social. Em uma roda de poesia mostrei meus textos, que chamou a atenção de um filósofo chamado Cesar Mendes da Costa, que tem uma editora no parque Sto Antonio e apostou em mim, publicando o meu primeiro livro, o "Felicidade Brasileira". O resto muitos ja sabem da história, surgiu o poeta Márcio Ricardo.

+Como você era antes da poesia?
Acho que a poesia sempre foi o melhor dos ouvidos, no papel e caneta eu podia gritar, e falar e falar (escrever), que ninguém nunca iria me julgar, me cortar...
Porém o ser humano é muito invisível para a sociedade, e eu não era diferente.

Quem você é depois dela?
Hoje eu sou amigo e conheço grandes escritoras e escritores, pessoas que me representam e representam os meus, os nossos. Pessoas que eu olho para o lado e digo: "Não tô só".
A poesia é um grito, e hoje eu agradeço tudo que sou e o que ainda posso ser graças a ela.

Pra quem nasceu dentro de uma viatura, sem forças para chorar, e depois ser adotado e passar por tudo que passei até hoje, é uma conquista poder escrever uns versos, e quando alguém me ouvi, é um pedaço do paraíso, e não digo que é por ego, e sim por merecimento de uma linga estrada de quase 28
 anos.

 

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