1. A “Quebrada” é um espaço para o exercício da tolerância religiosa
Embora seja negado pelas camadas mais conservadoras da sociedade, a periferia é o espaço mais plural e tolerante das cidades. A razão para isso não é o convívio amigável entre os “diferentes”, mas o compartilhamento forçado dos espaços públicos por àqueles que, sem opção, ocupam os loteamentos precários nos extremos das metrópoles brasileiras.
As primeiras leituras de uma criança não são feitas no âmbito escolar, isto é, sob o crivo da academia ou sob sua tutela, mas a chancela da escola, quando esse pequeno Ser inicia a educação formal, mitiga o desejo do jovem, sobretudo periférico, de desenvolver-se como leitor das relações humanas, visto que a literatura lhe é apresentada como mero instrumento de prova, imediatista e nada crítico, tornando-se uma atividade enfadonha, penosa e punitiva, pois a única finalidade que os professores lhe confere é como resolução de testes objetivos, cujas respostas estão prontas e não dialogam com a realidade do indivíduo Pós-moderno: que está imerso na fragmentação estilística dos novos tempos e perdido pela torrente de informações que lhe chegam pelos ágeis dispositivos celulares, os quais aceleram a sensação de que a vida é efêmera. Por isso, mais do que nunca – ainda que não perceba –, vive pelos prazeres imediatos.
4. O poder restaurativo da literatura periférica
5. A ótica literária no passeio pela cidade: diferentes visões, diferentes lugares de fala
É interessante como quebrar as barreiras sociais pode ser potencializado pela literatura periférica e tão parecido com uma flor que “rompe o asfalto”. No entanto, a perspectiva de Drummond e de tantos outros poetas que vivenciam as cidades de fora da periferia não contempla os vários olhares da favela, que trazem a dinâmica de pessoas as quais vivem na exclusão, mas encontram o lirismo para viver num mundo cínico em que a cena não lhes favorecem.
6. SARAU: UM EXPEDIENTE A SERVIÇO DA LIBERDADE POPULAR
Esse expediente é o legítimo lugar de fala do artista popular, sobretudo poetas, preocupado em fazer da sua arte um meio de combate contra a vilania dos maus patrões, das políticas abusivas e da alienação do povo pobre subjugado por uma elite escravocrata que centralizou a cultura, afastando-a da periferia. Por isso os saraus entre becos, vielas, praças e bares têm sido os legítimos espaços de democratização da literatura.
7. A representação do brasileiro na literatura e a importância de uma escrita literária afrocentrada
9. O popular e o erudito na literatura periférica
Con(fundindo) escrita e vivência, o escritor periférico articula a sabedoria oral dos anciões pitorescos que habitam em toda “quebrada” brasileira com os cânones da literatura do Brasil e do mundo, seja no verso seja na prosa. Ademais, esse tipo de literatura, como qualquer outra, é uma materialização coletiva em que existe íntima comunicação entre o autor, o texto, o leitor, e o lugar de onde a obra parte, isto é, a comunidade em que ela se insere. Dessa maneira, até mesmo uma paródia é apresentada como traço de erudição pelos poetas dos becos e das vielas. Como nos versos de Akins Kintê, o poeta-feirante (aquele que sempre leva um livro na algibeira pronto para manguear e continuar a divulgação da própria arte).
Nenhum comentário:
Postar um comentário